Parasitologia 1: Helmintos de Interesse Médico
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Neste livro são apresentados os helmintos de maior relevância, considerando informações como as características gerais, epidemiologia, ciclo biológico, patogenia, sinais e sintomas, profilaxia, diagnóstico e tratamento. Neste exemplar temos a certeza de oferecer o melhor para o tratamento de nossos pacientes.
Agradecemos ao Centro Universitário de Caratinga (Unec) pela possibilidade de produzir conhecimento e também aos alunos e professores do curso de Medicina do Unec e de outras universidades que contribuíram na escrita deste volume I.
Tatiliana Bacelar Kashiwabara
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Book preview
Parasitologia 1 - Helena Facury Barbosa
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2018 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.
Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO ENSINO DE CIÊNCIAS
Dedico este livro a todos os alunos do curso de Medicina que se empenharam para sua produção, especialmente a Bruna Moreira Cardozo, Anna Raquel Meneguetthe e Breno Douglas Ventura Silva. A ajuda de vocês fez toda a diferença!
PREFÁCIO
Este livro representa o desafio de trabalhar os conhecimentos relativos às doenças parasitárias, num enfoque voltado para a prática da equipe multidisciplinar em saúde, responsável pelo acompanhamento do paciente, contribuindo para a sua qualidade de vida.
Apesar da mudança do perfil epidemiológico, identificada nas últimas décadas no Brasil, nas quais as doenças crônicas assumem papel mais importante do que as infecciosas e parasitárias, estas parasitoses, principalmente as infecções intestinais, continuam ocupando papel de destaque na saúde pública. Dessa forma, a presença das helmintíases reflete as condições econômicas, sociais e ambientais, sendo menos prevalentes nas regiões mais desenvolvidas. Assim, vivemos realidades diferentes que confirmam que, neste país continental, observa-se, em relação aos desafios para a saúde pública, diferentes Brazis
.
A configuração clínica das parasitoses pode variar, mantendo, entretanto, a possibilidade de transmissão. Verifica-se a gravidade de algumas delas, principalmente quando se associam a outras morbidades, como se vê entre os pacientes acometidos por doenças marcadas por imunodeficiências.
A forma de se realizar o diagnóstico tornou-se cada vez mais simples e menos onerosa, utilizando técnicas e condutas bem padronizadas, além do desenvolvimento de métodos que se baseiam em procedimentos imunoenzimáticos ou em biologia molecular.
Indiscutíveis progressos relativos aos tratamentos também foram alcançados, permitindo o combate das helmintíases de forma mais eficiente, inclusive por meio de doses únicas ou de medicamentos com amplo espectro de atividade. A profilaxia tem avançado, à medida que estudos epidemiológicos permitem caracterizar melhor as doenças nas comunidades.
Dentro desse contexto, este livro apresenta as doenças vinculadas aos helmintos, tratando inicialmente das características gerais deles, considerando aspectos taxonômicos, morfofisiológicos, reprodutivos e da biologia desses invertebrados. Posteriormente, são apresentadas as principais helmintíases que ocorrem no Brasil, com ênfase nas características gerais, epidemiologia, ciclo de vida, patogenia, sinais e sintomas clínicos, diagnóstico, tratamento e profilaxia.
Para produzir cada capítulo, foram envolvidos professores de várias instituições de ensino e de diferentes formações como médicos, bioquímicos, farmacêuticos, enfermeiros e biólogos que trabalharam como orientadores de pequenos grupos de alunos, graduandos em Medicina, os quais realizaram uma extensa pesquisa em artigos científicos, em protocolos clínicos, manuais do Ministério da Saúde do Brasil, além de livros de referência em parasitologia médica.
Dessa maneira, acreditamos ter produzido um material, relativo às helmintíases, de qualidade, apesar de não esgotar toda a complexidade do tema, e que permitirá consulta mais específica e objetiva para profissionais da área de saúde.
Professor doutor Roberto Santos Barbiéri
Pró-reitor de ensino do Centro Universitário de Caratinga, MG
Sumário
1 - Helmintos
Rafael Luiz da Silva Neves
2 - ANCILOSTOMÍASE
Sílvia Laguardia, Rachel LaGuardia Rego, Mariana Vasconcelos Reis, Carlos José Arantes Junqueira
2.1 Introdução
2.2 Morfologia do Parasito
2.3 Características Gerais
2.4 Epidemiologia
2.5 Patogenia
2.6 Sinais e sintomas
2.7 Diagnóstico
2.8 Profilaxia e Tratamento
3 - ASCARIDÍASE
Caique Menezes Dutra, Ivnya Amanda Machado Laureano, Raquel Garcia Braga,
Carolina Menezes Dutra, Iago Pedro de Menezes Vieira, Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara
Lamara Laguardia Valente Rocha
3.1 Características gerais
3.2 Epidemiologia
3.3 Ciclo biológico
3.4 Patogenia
3.5 Sinais e sintomas
3.6 Profilaxia
3.7 Diagnóstico
3.8 Tratamento
4 - CISTICERCOSE HUMANA
Augusto Sérgio Simon Fava Leite, Suzana Ribeiro Nonato, Fernando Augusto da Cunha Freitas,
Priscilla de Souza Pires, Patricia Sabino Vieira de Sá, Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara
Lamara Laguardia Valente Rocha
4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS
4.2 EPIDEMIOLOGIA
4.3 CICLO BIOLÓGICO
4.4 SINAIS E SINTOMAS
4.4.1 Neurocisticercose
4.4.2 Cisticercose muscular e subcutânea
4.4.3 Cisticercose ocular
4.5 PROFILAXIA
4.6 PATOGENIA
4.7 DIAGNÓSTICO
4.8 TRATAMENTO
5 - OXIURÍASE
Bárbara Martins de Lana, Maria Tereza Alves França, Monalisa dos Reis Franco Marques,
Tainá Gomes Ramos, Julianna de Ângellis Castro Marques,
Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara, Lamara Laguardia Valente Rocha
5.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS
5.2 MORFOLOGIA
5.2.1 Ovo
5.2.2 Verme adulto
5.3 EPIDEMIOLOGIA
5.4 CICLO BIOLÓGICO
5.5 PATOGENIA
5.6 SINAIS E SINTOMAS
5.7 DIAGNÓSTICO
5.8 PROFILAXIA
5.9 TRATAMENTO
6 - ESQUISTOSSOMOSE
Klinger Soares Faíco Filho, Vanessa Loures Rossinol, Gisele Vitali Teixeira Dias Laignier,
Luiz Henrique Laguardia Rocha, Herick Campos Ferreira, Thais Manhães Feres,
Luiza dos Santos Rodrigues
6.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS
6.2 EPIDEMIOLOGIA
6.3 CICLO BIOLÓGICO
6.4 PATOGENIA
6.5 SINAIS E SINTOMAS
6.6 PROFILAXIA
6.7 TRATAMENTO
7 - ESTRONGILOIDÍASE
Ana Luiza Lacerda Soares Santos, Bruna Moreira Cardoso Santos Rocha,
Ariomar Dias da Rocha Filho, Lamara Laguardia Valente Rocha
7.1 Características Gerais
7.2 Epidemiologia
7.3 Ciclo Biológico
7.4 Patogenia/ Fisiopatologia
7.4.1 Forma cutânea
7.4.2 Forma pulmonar
7.4.3 Forma intestinal
7.5 Diagnóstico Laboratorial
7.5.1 Exame Parasitológico de Fezes
7.5.2 Diagnóstico Sorológico
7.5.3 Diagnóstico mediante fluidos corpóreos
7.5.4 Diagnóstico Molecular
7.6 Tratamento
7.7 Profilaxia
8 - FILARIOSE LINFÁTICA
Fábio Gomes Ribeiro Ferraz, Izabela Gomes Reis de Paula, Igor Andrade Vasconcelos,
Aruan Amaral Amorim, Renata Gomes Reis de Paula, Fernanda Spagnol Vizibelli Chaves,
Breno Douglas Ventura Silva, Ricardo Luiz Laranjeira Ferraz
8.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS
8.2 EPIDEMIOLOGIA
8.3 CICLO BIOLÓGICO
8.4 PATOGENIA
8.5 SINAIS E SINTOMAS
8.6 DIAGNÓSTICO
8.7 PROFILAXIA
8.8 TRATAMENTO
9 - LARVA MIGRANS CUTÂNEA
Sávio Luís Menezes dos Reis Braga, Rafael Carneiro Reale,
Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara, Lamara Laguardia Valente Rocha
9.1 Características gerais
9.2 Epidemiologia
9.3 Ciclo Biológico
9.4 Patogenia
9.5 Sinais e sintomas
9.6 Diagnóstico
9.7 Profilaxia
9.8 Tratamento
10 - TOXOCARÍASE
Anna Raquel Meneghette, Breno Douglas Ventura Silva, Bruna Moreira Cardoso Santos Rocha,
Fernanda Spagnol Vizibelli Chaves, Henrique Vizibelli Chaves, Maria Cristina Alves Fontes
10.1 INTRODUÇÃO
10.2 EPIDEMIOLOGIA
10.3 Ciclo de vida
10.4 Patogenia
10.5 Sinais e sintomas
10.6 Diagnóstico
10.7 Tratamento
11 - ONCHOCERCA
Breno Douglas Ventura Silva, Fernanda Spagnol Vizibelli Chaves, Fábio Gomes Ribeiro Ferraz,
Izabela Gomes Reis de Paula, Henrique Vizibelli Chaves
11.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS
11.2 EPIDEMIOLOGIA
11.3 CICLO BIOLÓGICO
11.4 PATOGENIA
11.5 SINAIS E SINTOMAS
11.6 PROFILAXIA
11.7 DIAGNÓSTICO
11.8 TRATAMENTO
12 - TENÍASE
Rodrigo Dias Godinho, Ronan Figueiredo Mourão, Ramail Santos Pouzas,
Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara, Lamara Laguardia Valente Rocha, Jacinto Rodrigues Rocha
12.1 CARACTERÍSITCAS GERAIS
12.1.1 Taenia Solium
12.1.2 Taenia saginata
12.2 EPIDEMIOLOGIA
12.3 CICLO BIOLÓGICO
12.4 PATOGENIA
12.5 SINAIS E SINTOMAS
12.6 DIAGNÓSTICO
12.6 PROFILAXIA
12.7 TRATAMENTO
12.7.1 Praziquantel
12.7.2 Albendazo
12.7.3 Mebendazol
12.7.4 Niclosamida
13 - Tricuríase
Anna Raquel Meneghette, Breno Douglas Ventura Silva, Grécya Drumond Da Silveira,
Jéssica Campos De Souza, Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara, Lamara Laguardia Valente Rocha
13.1 Características gerais
13.2 Epidemiologia
13.3 Ciclo Biológico
13.4 Patogênia
13.5 Sinais e Sintomas
13.6 Diagnóstico
13.7 Profilaxia
13.8 Tratamento
13.8.1 Mebendazol:
13.8.2 Albendazol:
14 - FASCIOLOSE HEPÁTICA
Patrícia Moura Botelho Sampaio, Hyamana Dal Col Ferreira, Rafaela Santos Costa,
Marcos Augusto Pereira, Wilson Lopes Cardoso Neto, Itamar Peron Faria,
Lorena Sales Mota de Faria, Lamara Laguardia Valente Rocha
14.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS
14.2 EPIDEMIOLOGIA
14.3 PATOGENIA
14.4 SINAIS E SINTOMAS
14.5 CICLO BIOLÓGICO
14.6 PROFILAXIA
14.7 DIAGNÓSTICO
14.8 TRATAMENTO
15 - HYMENOLEPIS NANA
Chrystina Rodrigues da P. Boscia, Clarissa Leite Braga, Erick Batista Ferraz,
Gabriel Lemos Vilela de Almeida, Helena Facury Barbosa, Liliam Mendes Medina,
Lívia Fernandes Franco, Luiza Moura Carraro, Lamara Laguardia Valente Rocha
15.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS
15.2 EPIDEMIOLOGIA
15.3 CICLO BIOLÓGICO
15.4 PATOGENIA
15.5 SINAIS E SINTOMAS
15.6 PROFILAXIA
15.7 DIAGNÓSTICO
15.8 TRATAMENTO
16 - ECHINOCOCCUS GRANULOSUS
Cristiano Magno Silva Sampaio, Gabriela Franco Vandermas, Izaedis Machado da Silva,
Leonardo Liberato Pereira, Ricardo Campos de Assis, Tamires Ribeiro Dutra,
Valdênia Gomes Rocha, Wellington de Souza Mata
16.1 CARACTERISTICAS GERAIS
16.2 MORFOLOGIA
16.3 EPIDEMIOLOGIA
16.4 CICLO BIOLÓGICO
16.5 SINAIS E SINTOMAS
16.6 PROFILAXIA
16.7 PATOGENIA
16.8 DIAGNÓSTICO
16.9 TRATAMENTO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOBRE OS AUTORES
1
Helmintos
Rafael Luiz da Silva Neves
Os helmintos constituem um grupo muito numeroso de animais, incluindo espécies de vida livre e de vida parasitária. Apresentam-se distribuídos nos filos Platyhelminthes, Nematoda e Acanthocephala.
As enteroparasitoses ou parasitoses intestinais, determinadas pelos helmintos, acompanham e caracterizam o subdesenvolvimento das populações. Embora nem sempre com base em estatísticas confiáveis, é comum expressar, em milhões, o número de indivíduos infectados. Tais doenças não recebem a devida atenção dos órgãos de saúde, embora possam também ser encontradas em menor escala em comunidades que apresentam elevado padrão de vida e de cultura. Nota-se, então, que o clima e o tipo de solo, associados à falta de informação e de higiene, favorecem o aumento de casos de enteroparasitoses no mundo.
Dados da literatura mostram que os helmintos mais frequentemente encontrados parasitando o homem são os nematelmintos Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e os ancilostomídeos. No mundo – segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) – estima-se que cerca de um bilhão de indivíduos estejam infectados por A. lumbricoides, sendo apenas um pouco menor o número de indivíduos infectados por T. trichiura e por ancilostomídeos.
No filo Platyhelminthes, a palavra verme
é aplicada livremente a animais invertebrados de corpos compridos, bilaterais e sem apêndices. Houve um tempo em que zoólogos consideraram os Vermes como um grupo de existência taxonômica distinta dos demais. Tal grupo incluía formas altamente diversas. Porém, por tradição, os zoólogos ainda se referem aos vários grupos desses animais como vermes.
O filo deriva de um ancestral que, provavelmente, teve inúmeras características semelhantes às dos seus ancestrais evolutivos, os cnidários. Podem ser de vida livre, ectoparasitos ou endoparasitos. Seus representantes estão distribuídos, segundo estudos recentes, em três (Turbellaria, Trematoda e Cestoda) ou quatro classes (Turbellaria, Monogenea, Trematoda e Cestoda). Apesar dos avanços em sistemática molecular, ainda não há consenso entre os pesquisadores. Assim adotarei a classificação do filo com divisão em três classes por ser a mais difundida nas literaturas científicas.
As características do Filo Platyhelminthes incluem três folhetos embrionários, simetria bilateral, corpo achatado dorsoventralmente, a epiderme pode ser celular ou sincicial, sistema muscular primariamente com forma de bainha e origem mesodérmica, sem outro espaço da cavidade do corpo que não seja o tubo digestivo (acelomados), sistema digestivo incompleto, sendo ausente em alguns, sistema nervoso consistindo em um par de gânglios anteriores com cordões nervosos longitudinais conectados por nervos transversais e localizados no mesênquima na maioria das formas, órgãos sensoriais simples, sistema excretor com dois canais laterais com ramos que apresentam células-flama, ausência de sistema respiratório, circulatório e esquelético, maioria das formas monoicas.
Os platelmintos variam em tamanho, desde um milímetro ou menos até algumas tênias de muitos metros de comprimento. Seus corpos achatados podem ser afilados, na forma de amplas folhas, ou longos e em forma de fita.
Como já mencionado, os platelmintos incluem formas livre e parasitárias, mas seus representantes livres são encontrados somente na classe Turbellaria, não sendo associados ao parasitismo humano. Alguns turbelários são comensais ou parasitos de vertebrados aquáticos, porém a maioria é adaptada para a vida como habitantes de fundo em água marinha ou doce, ou ainda vivem em lugares úmidos no ambiente terrestre.
Todos os membros das classes Trematoda e da classe Cestoda são endoparasitas. Muitas espécies têm ciclo de vida indireto com mais de um hospedeiro; o primeiro hospedeiro frequentemente é um invertebrado, e o hospedeiro definitivo normalmente é um vertebrado. Os seres humanos servem como hospedeiros para várias espécies. Certas fases larvais podem ser de vida livre.
Os trematódeos são em sua totalidade vermes parasitas, ectoparasitos e endoparasitos. Eles são de forma, principalmente, foliácea e estruturalmente semelhantes em muitos aspectos aos turbelários – planárias. Uma diferença principal para eles está no tegumento, que não possui cílios no adulto.
Algumas adaptações estruturais para o parasitismo são aparentes: várias glândulas de penetração ou glândulas para a produção de material para cistos, órgãos para adesão, tais como ventosas e ganchos, e aumento da capacidade reprodutiva. Os trematódeos retêm várias características ancestrais, como um canal alimentar bem desenvolvido e sistema reprodutivo, excretor e nervoso semelhantes, como também uma musculatura e parênquima, que são apenas ligeiramente modificados daqueles dos turbelários. Os órgãos dos sentidos são pouco desenvolvidos.
A autofertilização pode ocorrer nos trematódeos, contudo a fertilização cruzada parece ser o processo habitual.
Poucos trematódeos são vivíparos, prevalecendo as espécies ovíparas. O número de ovos depositados varia consideravelmente com a espécie. Alguns, como a Fasciola hepatica, depositam milhares de ovos.
Das subclasses de Trematoda, Aspidogastrea e Didymozoidea são grupos pequenos e mal conhecidos, mas Digenea é um grupo grande, com muitas espécies de importância médica e econômica.
Os trematódeos pertencentes à classe, ou para alguns sistematas interclasse, digenea são os únicos que interessam à medicina humana ou veterinária. Eles são endoparasitos obrigatórios e apresentam ciclo biológico complexo, com morfologias e hospedeiros diferentes em cada fase do ciclo. Constituem um grupo de espécies inteiramente adaptadas ao parasitismo, muitas das quais o homem é hospedeiro habitual ou ocasional.
A importância médica desses helmintos pode ser contemplada pela frequência com que atacam a população humana, nas regiões tropicais e temperadas do mundo, mais particularmente nas áreas menos desenvolvidas, onde o crescimento populacional não é acompanhado pela melhoria das condições de vida da população. Nesses países, atingem cerca de 90% da população, ocorrendo um aumento significativo da frequência à medida que piora o nível socioeconômico.
Nas Américas, apenas uma espécie constitui um problema importante de saúde pública, o Shistosoma mansoni, enquanto na África, além dessa espécie, há também o S. haematobium. A ocorrência de fasciolíase é rara em nosso meio.
Nos Digenea, o ovo é geralmente oval e de coloração clara ou marrom escura, com opérculo em uma das