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A Temática Ambiental na Escola e os Artefatos da Indústria Cultural
A Temática Ambiental na Escola e os Artefatos da Indústria Cultural
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A Temática Ambiental na Escola e os Artefatos da Indústria Cultural

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O livro A temática ambiental na escola e os artefatos da indústria cultural apresenta uma reflexão sobre o modo como a crise ambiental vivenciada na atualidade pode demonstrar, de forma evidente, que o modelo de relação historicamente edificado entre seres humanos e natureza tornou-se destrutivo e insustentável. Considera-se que esse modelo de relação foi altamente influenciado pelo desenvolvimento da ciência moderna que, desde os seus primórdios, busca o domínio da natureza com o objetivo de conhecê-la. Nesse sentido, destacam-se as contribuições de cientistas como Francis Bacon, Galileu Galilei, René Descartes e Isaac Newton, que efetivamente alteraram a forma como o ser humano se relacionaria com o mundo externo. A obra discute também como a modernidade se constituiu, dialeticamente, a partir do domínio da razão instrumental e do progresso tecnológico da ciência, subordinando a ela os destinos da humanidade. A partir das contribuições da Teoria Crítica, a autora busca compreender o papel desempenhado pela educação no processo de emancipação dos indivíduos diante dos ditames da indústria cultural e da sociedade de consumo, cujos discursos "ecologicamente corretos" visam a fidelizar um mercado consumidor para seus produtos, fabricados na lógica da produção capitalista de mercadorias, mas com apelos à preservação ambiental. Nesse sentido, observam-se o crescimento e a difusão de filmes infantis sobre a temática ambiental que vêm constantemente invadindo espaços da sociedade, entre eles a escola. Considerando essa problemática, a obra analisa, ainda, as razões que motivam os professores dos primeiros anos do ensino básico a utilizarem filmes infantis quando abordam a questão ambiental em suas aulas. Por se tratar de um tema contemporâneo, a leitura deste livro é indispensável aos professores que – conscientes da urgência e da necessidade de abordagens críticas em suas aulas – poderão encontrar aqui reflexões significativas sobre a temática ambiental.
LanguagePortuguês
Release dateSep 26, 2018
ISBN9788547314972
A Temática Ambiental na Escola e os Artefatos da Indústria Cultural

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    A Temática Ambiental na Escola e os Artefatos da Indústria Cultural - Janaina Santos

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2018 do autor

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    Dedico aos homens e mulheres que se dedicam à tarefa de educar,

    a si mesmos e aos outros, almejando a efetividade de uma

    humanidade mais justa e sensata.

    AGRADECIMENTOS

    Aos meus familiares, em especial a meus pais, José Roberto e Maria Estela, minha irmã, Juliana, e meu sobrinho, Gabriel.

    Ao meu companheiro, Adriano, pelo apoio incondicional.

    Ao Prof. Dr. Luiz Roberto Gomes, pelas orientações tão fundamentais no percurso do meu amadurecimento teórico.

    À Capes, pelo apoio financeiro durante a realização do doutorado.

    Aos meus amores, Gaia, Boyn, Mila, Jade, Fréia, Grafite, Bitú, Brigite, Fuzil, e tantos outros seres que tornam minha vida mais afável e, sem dúvida, mais rica e repleta de amor.

    APRESENTAÇÃO

    Uma investigação pode visar, muitas vezes, à concretização de um desejo de compreensão de alguma particularidade que verificamos na realidade social. Dessa forma, o desejo que motivou a realização da investigação, que ora apresento nesta obra, está relacionado ao interesse na compreensão da gravidade da atual situação de insustentabilidade ambiental noticiada pelos mais diversos meios de comunicação e observada em nosso dia a dia, bem como sua relação com os processos educativos. Vivemos um momento da história humana em que o modelo de relação estabelecido entre seres humanos e o meio ambiente outorga, muitas vezes, aos seres humanos o poder de utilizar os bens naturais sem preocupações acerca dos seus limites de reconstituição. Desse modo, acredita-se que tal modelo de relação precisa ser questionado, pois o meio ambiente emite fortes sinais de colapso, o que coloca em perigo não apenas os ecossistemas, mas também a vida do próprio ser humano.

    Motivada pela importância de se promover uma crítica a esse modelo de relação ser humano-natureza (sem desconsiderar a imprescindível crítica ao sistema capitalista que estrutura e impulsiona tal relação) e pela esperança de um futuro diferente, propus-me a realizar uma investigação, concebida a partir de um estudo prévio, no qual se observou que a temática relacionada ao meio ambiente é abordada por professores do ensino fundamental, dentre outras formas, a partir de filmes infantis que fazem alusão ao tema. Tal estudo refere-se à pesquisa desenvolvida durante meu mestrado,¹ na qual foram analisados os valores atribuídos aos animais não humanos por professores de séries iniciais do ensino fundamental, quando eles trabalharam com a temática ambiental, e foi verificado que muitos dos professores investigados responderam ter utilizado filmes e/ou desenhos infantis com tal finalidade. Percebi, assim, que os filmes infantis são recursos muito utilizados pelos docentes com a finalidade de trabalhar a temática ambiental com seus educandos.

    Porém, ao relatarem os títulos desses filmes infantis utilizados por eles, foi possível constatar que tais materiais não consistiam em filmes produzidos com objetivos didáticos, mas representam produtos da indústria cultural para o entretenimento infantil, como Shrek, O Rei Leão, Madagascar, Os sem-floresta, Vida de Inseto e Happy Feet, incentivando-me ainda mais a compreender o que motiva os professores a utilizar tais mídias e de que forma os valores e ideias transmitidos por elas podem contribuir ou não para o debate sobre a temática ambiental.

    Assim, acredito que a utilização, por professores, de recursos midiáticos − como filmes infantis − que abordam temas relacionados ao meio ambiente em seus contextos pode influenciar o modo como a concepção da temática ambiental é reproduzida em âmbito escolar, sendo tal concepção, na maioria das vezes, relacionada à valorização da natureza por aquilo que representa como utilidade ao homem, resultando de uma percepção reificada, disseminada por tais meios, que apazigua os conflitos e relações de exploração e destruição entre homem e ambiente existentes no real.

    Além disso, compreendo que uma das consequências da utilização de tais recursos midiáticos em sala de aula seja a perpetuação daquilo que Adorno denominou de semiformação cultural, pois tais concepções de natureza podem ser transmitidas e reforçadas pelos professores quando deixam de intervir nesse processo de reflexão crítica sobre a problemática em questão, consentindo que as ideologias propagadas por esses produtos sejam reforçadas nos educandos. Podemos, com isso, supor que ao utilizarem tais recursos, os professores também são influenciados por padrões da indústria cultural, que exercem forte influência naquilo que normalmente se adota como instrumento didático em sala de aula.

    A ideia de artefatos, presente no título da obra, pode contribuir com a reflexão de que os produtos da indústria cultural são objeto[s] produzido[s], no todo ou em parte, pela arte ou por qualquer atividade humana, na medida em que se distingue[m] do objeto natural, produzido pelo acaso.² Nesse sentido, é significativo apontar que a finalidade de tais artefatos não está relacionada à atividade didático-pedagógica, sendo fundamental que os professores compreendam os limites de tais recursos, porque foram concebidos a partir de uma perspectiva unilateral e homogeneizante.

    Desejo, portanto, que a leitura do conteúdo das páginas que compõem esta obra possa, sobretudo, instigar os docentes a questionarem o modelo de relação estabelecido com a natureza e verificar que no trabalho desenvolvido, todos os dias com os estudantes, é possível reconhecer nossa contribuição à construção de uma perspectiva mais questionadora desse modelo ou simplesmente o reforço e a adequação a ele.

    PREFÁCIO

    A questão da insustentabilidade ambiental, que ameaça a vida do nosso planeta, pode ser investigada e pensada de diversas perspectivas. A autora opta, neste livro, por tratar essa problemática por meio da ação pedagógica escolar. Sua pertinente pesquisa explora os motivos e as razões dos professores, quando eles selecionam e exibem nas escolas brasileiras do ensino fundamental produtos da indústria cultural (filmes) para tratar da questão ambiental. O referencial epistemológico de análise é a Teoria Crítica da Sociedade, que aborda essa problemática no contexto hegemônico da racionalidade instrumental, da indústria cultural e da semiformação. Trata-se de um estudo empírico relevante, capaz de refletir, no contexto das ciências humanas e da educação, sobre o futuro do nosso planeta, a partir da relação homem/natureza.

    Na tradição da Teoria Crítica da Sociedade, sobretudo na produção teórica de Adorno, Horkheimer e Marcuse, o ser humano, cada vez mais condicionado pela ideia de progresso e de dominação da natureza, acaba destruindo a natureza e a si mesmo. A questão provocada pela argumentação deste livro é: por que isso acontece? E o que estaria na base da formação de uma mentalidade de destruição do planeta e da humanidade?

    No primeiro capítulo, intitulado A ciência moderna e o domínio da natureza: contribuições filosóficas para pensar a crise ambiental, a autora mostra-nos como a concepção de Bacon, que relaciona conhecimento e poder, torna-se hegemônica ao constituir uma racionalidade de compreensão e ação para a relação homem/natureza. A confiança ilimitada na razão e o desenvolvimento do conhecimento científico fizeram do homem um ser superior, capaz de superar a sua condição primitiva e de dominar o meio em que ele vive: a natureza. A crença em um mundo melhor com a apropriação dos instrumentos científicos de dominação resultou em um processo de racionalização e também de reificação da relação homem/natureza e de si mesmo. Nesse sentido, como salienta a autora, ao recuperar uma passagem da Dialética do Esclarecimento, de Adorno e Horkheimer, de 1947, a racionalidade científica torna-se o padrão de conhecimento, que associada à dimensão da utilidade agrega poder ao conhecimento. A consequência desse processo utilitário de apropriação do conhecimento científico, como forma de dominação da natureza, não foi o êxito nem a civilidade, mas, ao contrário, o fracasso e a barbárie, que, segundo Marcuse, é instituída pelo próprio homem. Assim, conforme o diagnóstico de Horkheimer, em 1946, na obra O Eclipse da Razão, [...] a natureza é hoje mais do que nunca concebida como um simples instrumento do homem. É objeto de uma total exploração, que não tem objetivo estabelecido pela Razão e, portanto, não tem limite (p.112).

    No segundo capítulo, intitulado A educação e a possibilidade do despertar de consciências críticas, a autora problematiza a potencialidade da educação como resistência aos processos de dominação, especialmente no contexto da relação homem/natureza. O referencial conceitual adotado é o binômio formação/semiformação, na forma como fora apresentado por Theodor Adorno, em 1959. Para o autor frankfurtiano, a educação em seu sentido formativo deve produzir necessariamente uma consciência verdadeira, pela via da autorreflexão crítica sobre as situações que determinam a vida em sociedade. Trata-se de um processo de resistência à semiformação socializada, ou seja, à forma dominante de uma consciência generalizada, administrada, que prevalece nas relações humanas. A esse respeito, uma passagem da Teoria da Semiformação de Adorno, que fora destacada pela autora, merece ser recuperada:

    O entendido e experimentado medianamente – semientendio e semiexperimentado – não constitui o grau elementar da formação, e sim o seu inimigo mortal [...] Elementos formativos inassimilados fortalecem a reificação da consciência que deveria justamente ser extirpada pela formação.³

    No terceiro e último capítulo, intitulado Indústria cultural e meio ambiente: influências da educação na construção da relação ser humano-natureza, a autora situa a problemática da utilização dos filmes pelos professores do ensino fundamental como recurso didático para a discussão da temática ambiental, no contexto conceitual da Indústria Cultural. Segundo a argumentação de Horkheimer e Adorno em 1947, no artigo A indústria cultural: o esclarecimento como mistificação das massas, O mundo inteiro é forçado a passar pelo filtro da indústria cultural⁴, ou seja, da cultura produzida segundo a racionalidade da dominação do mercado, e isso nos faz pensar: que tipo de interação pedagógica a escola estabelece com a temática ambiental, mediante as visões e atitudes sobre o meio ambiente de seus professores, com as atividades selecionadas e, principalmente, com a utilização de produtos da indústria cultural, como os filmes? O conteúdo das entrevistas com os professores fornece um material empírico muito rico, competentemente analisado pela autora, que pode suscitar, no leitor, diversas possibilidades de reflexões.

    A autora conclui o seu trabalho com vários desdobramentos e acena para a

    [...] importância e necessidade de uma formação de professores mais crítica e questionadora, que promova o diálogo e análise de tais mídias a partir de uma pedagogia da imagem, para fornecer embasamento aos docentes no sentido de capacitá-los para a utilização de tais recursos em sala de aula, uma vez que a oferta desses recursos e o contato cada vez mais intenso das novas gerações com as mídias e tecnologias é um fato recorrente e inquestionável e aboli-los da escola não significaria garantia alguma de que esses recursos não influenciarão os alunos em suas percepções sobre o que os cerca.

    O leitor certamente encontrará, nesta obra de Janaina Roberta dos Santos, uma boa oportunidade para familiarizar-se com discussões críticas sobre a abordagem da temática ambiental, especialmente na escola, e caberá a ele a avaliação crítica da pertinência do conteúdo apresentado. Boa leitura!

    São Carlos, abril de 2017.

    Prof. Dr. Luiz Roberto Gomes

    Dep. de Educação e PPGE – UFSCar

    Sumário

    INTRODUÇÃO

    1

    A CIÊNCIA MODERNA E O DOMÍNIO DA NATUREZA:

    CONTRIBUIÇÕES FILOSÓFICAS PARA PENSAR A CRISE AMBIENTAL

    1.1 A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA 

    1.2 O ADVENTO DA CIÊNCIA MODERNA 

    1.2.1 Francis Bacon e as interpretações da natureza

    1.2.2 Galileu Galilei e a autoridade da ciência 

    1.2.3 René Descartes e a racionalização da existência 

    1.2.4 Isaac Newton e a física clássica 

    1.3 A CIÊNCIA MODERNA E O APRIMORAMENTO DO JUGO DA NATUREZA 

    1.4 A CORROSÃO DA MODERNIDADE? 

    2

    A EDUCAÇÃO E A POSSIBILIDADE DO DESPERTAR DE

    CONSCIÊNCIAS CRÍTICAS

    2.1 A SEMIFORMAÇÃO E O PROCESSO EDUCATIVO 

    2.2 EDUCAÇÃO: UM CAMINHO PARA A TRANSFORMAÇÃO? 

    2.3 APONTAMENTOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E

    O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS 

    2.3.1 O ensino de Ciências Naturais e o contexto da formação humana

    3

    INDÚSTRIA CULTURAL E MEIO AMBIENTE: INFLUÊNCIAS DA EDUCAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA

    3.1 A INDÚSTRIA CULTURAL E A PRODUÇÃO DE CONSCIÊNCIAS FORJADAS 

    3.1.1 Indústria cultural e o ideário do desenvolvimento sustentável 

    3.2 INDÚSTRIA CULTURAL, MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO 

    3.2.1 O meio ambiente (MA) segundo os professores 

    3.2.1.1 Concepções dos professores participantes sobre MA 

    3.3 UTILIZAÇÃO DE FILMES E DESENHOS INFANTIS SOBRE A TEMÁTICA AMBIENTAL NA ESCOLA 

    3.3.1 As influências da indústria cultural na reprodução das

    concepções sobre MA na escola e o papel da educação crítica 

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    REFERÊNCIAS

    INTRODUÇÃO

    Tendo como ponto de partida reflexões que apontam uma crise ambiental construída e vivenciada pela sociedade contemporânea, a obra tem como escopo apresentar os resultados de uma investigação realizada com o objetivo de verificar e analisar de que forma os recursos midiáticos (filmes infantis) que abordam a temática ambiental são utilizados por professores do ensino básico, buscando compreender também as razões de tal utilização. Além disso, compreender se a utilização de tais recursos pode ser apontada como uma influência da indústria cultural e, consequentemente, do processo de semiformação a que estão possivelmente submetidos os indivíduos.

    Com a finalidade de responder a tais questões, desenvolvi uma investigação de caráter qualitativo,⁶ buscando compreender os significados que os sujeitos atribuem e constroem sobre suas práticas e seu mundo real.

    Partindo do pressuposto de que não existe separação entre método e mundo real, apresenta-se como fundamental, para o contexto da investigação realizada, buscar compreender a relação ser humano-natureza, de forma crítica, articulando essa compreensão ao papel desempenhado pela ciência no modo como os seres humanos se apropriam da natureza partindo do conhecimento elaborado sobre ela, limitando a forma como nos relacionamos com ela, ou seja, de modo racional, desprezando outras vias, como a via artística ou sensível. Também é preciso compreender a função da mídia nesse processo, sobretudo no que se refere aos produtos destinados ao público infantil, que acaba sendo cooptado pelo consumismo e, nesse contexto, o emprego da natureza para garantir tais finalidades consumistas torna-se plausível. Assim,

    [...] sem uma reflexão crítica sobre o caráter definitivamente mediato dos conteúdos da consciência e dos comportamentos dos indivíduos como produtos sociais, a investigação social empírica acabará capitulando ante seus próprios resultados.

    Cabe esclarecer que a investigação foi realizada com professores que lecionam no ensino infantil e fundamental, em escolas públicas de uma cidade sul-mineira. Sendo assim, é importante refletir que a escola é uma instituição ímpar, estruturada sobre processos, normas, valores, significados, rituais e formas de pensamento constituidores de cultura. Trata-se de um local de intervenção cultural e desenvolvimento das gerações futuras, sendo possível afirmar que a escola produz cultura, mas também reproduz culturas presentes na sociedade, formando uma relação entre produção e reprodução cultural. Assim, cabe ao pesquisador estar atento às características próprias da escola e à implicação desse espaço no cotidiano e na postura do professor. Todo esse espaço escolar e a sua constituição, tanto material quanto humana, são de interesse do pesquisador que, a partir daquilo que observa, pode conduzir suas reflexões de modo a encontrar as respostas que procura para sua investigação.

    Ressalto, nesse processo, o papel atribuído ao professor, sobretudo no que se refere à importância da escolha dos meios utilizados para conduzir suas aulas. Nos espaços da sala de aula, cercado por seus alunos e alunas, o professor ocupa um papel essencial: ao mesmo tempo que sobre ele recaem várias responsabilidades quanto à aprendizagem de conhecimentos tradicionais relacionados à história do desenvolvimento e aprimoramento da espécie humana na Terra, é também papel do professor manter seus alunos em contato com que é novo e atual, para que eles acompanhem o ritmo vertiginoso da tecnologia e da informação, fornecendo condições para que os alunos constituam também suas opiniões, valores e condutas. Por isso, os professores representam os sujeitos desta obra.

    A cidade onde realizei a pesquisa conta com 10 escolas municipais de ensino fundamental, quatro escolas de ensino infantil e oito que são escolas de ensino infantil e creches de maneira conjunta. Após contato prévio realizado com as diretoras e coordenadoras dessas escolas municipais, consegui autorização de cinco delas para a aplicação dos questionários junto aos professores, sendo três delas de ensino fundamental e duas de ensino infantil.

    Desse modo, entreguei nas escolas que aceitaram participar da pesquisa um envelope contendo 10 questionários cada um e orientei os diretores e coordenadores a conversarem com os professores que trabalhavam com o tema meio ambiente nas escolas de ensino fundamental II (do sexto ao nono ano) e nas escolas de ensino infantil e de ensino fundamental I (do primeiro ao quinto ano), para aqueles que tivessem interesse em participar da pesquisa. Fiz essa opção pelo fato de que nas escolas de ensino fundamental I e nas escolas de ensino infantil a temática ambiental pode ser abordada por todos os professores, uma vez que se trata de um tema transversal, e normalmente os professores não estão divididos por disciplinas.

    Como não tive acesso aos professores antes da entrega dos questionários, anexei a eles uma breve carta explicando os objetivos da pesquisa, bem como a finalidade dos dados e o sigilo que os envolve.

    Na fase seguinte, coletei os questionários nas escolas e obtive o retorno de 26 questionários respondidos. Sendo assim, iniciei o processo de levantamento e tabulação dos dados obtidos com o questionário e, a partir das respostas dadas às questões, selecionei sete professores para a entrevista.

    Desses sete professores, dois lecionavam no ensino fundamental I; e cinco, no ensino infantil. Todos eles eram pedagogos, sendo um do sexo masculino e seis do sexo feminino. Todas as entrevistas foram realizadas na própria escola na qual o docente leciona, em horários livres, ou seja, em horários de aulas nos quais os alunos dos professores em questão estavam realizando atividades diversificadas, como educação física ou aula de música, por exemplo.

    As entrevistas foram agendadas previamente com cada professor, e todas foram registradas em aparelho de gravação de voz, sendo que, em todos os casos, a gravação foi autorizada

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