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Práticas de Ensino de Linguagens: Experiências do Profletras
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Práticas de Ensino de Linguagens: Experiências do Profletras

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Como trabalho de conclusão final, o mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Letras – Profletras – deve apresentar uma proposta de intervenção na realidade cotidiana de escola pública de ensino fundamental, uma vez que o programa objetiva aumentar a qualidade do ensino de língua portuguesa, especialmente quanto à leitura e escrita; diminuir as atuais taxas de evasão; proporcionar o multiletramento no mundo globalizado com a presença da internet, além de desenvolver práticas pedagógicas eficientes e inovadoras, visando à proficiência dos alunos em sua língua materna.

Os textos aqui apresentados vêm justamente ao encontro dessa proposta, e vão além, tendo em conta que a sociedade atual demanda cidadãos atuantes, que não se limitem a observar, mas que saibam agir, examinar os fatos, articular acontecimentos e fazer as previsões para melhorar a educação e o país.
LanguagePortuguês
Release dateSep 24, 2018
ISBN9788547315894
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    Práticas de Ensino de Linguagens - Neide Araujo Castilho Teno

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2018 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA

    Este livro é dedicado ao querido professor e doutor Luís Otávio Batista,

    pelo carinho e pela dedicação dispensados ao Profletras.

    APRESENTAÇÃO

    Iniciamos esta apresentação nos apoiando nos ensinamentos de Lacan, que ao lembrar os eixos ensino, aprendizagem e saber problematiza que: o ensino não gera necessariamente um saber¹. Ora, indaga, o psicanalista: se a parceria ensino-aprendizagem não é considerada causa e feito, e se entre ensino e saber pode não haver aproximação, o que seriam então as práticas de ensino de linguagens?

    O mesmo espanto de Lacan é o de muitos professores de língua portuguesa. E, ao adotar a premissa do pêndulo, do compartilhar conhecimento, isto é, o vai e vem entre aquele que ensina e o ensinado, a relação que existe entre ambos, aproximamo-nos do sentido metafórico do pêndulo, sua caraterística de ir e vir, e do envolvimento de quem ensina e de quem é ensinado para melhor explicitar como nasceu este livro.

    O nascimento do livro se deve ao fato de nós, pesquisadores, estarmos ligados em rede de ensino de pós-graduação com a finalidade de i) capacitar professores de língua portuguesa para o exercício da docência no ensino fundamental e ii) contribuir para a melhoria da qualidade do ensino em todo o país, considerando que o Profletras é ofertado em 49 regiões do Brasil, abrangendo todo o território brasileiro.

    Este livro representa a convivência entre os professores, coordenadores, gestores de um Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras em nível de mestrado, reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Ministério da Educação (MEC), com Nota 4. Mais especificamente representa os estudos de profissionais articulados a Programas de Pós-Graduação na área de Letras/Linguística/Literatura e Profletras, de instituições públicas de diferentes regiões do país, de modo especial as regiões Centro-Oeste e Nordeste.

    O título do livro, Práticas de ensino de linguagens: experiências do Profletras retoma os debates que tiveram lugar não só no V Fórum Nacional de Coordenadores do Profletras, em São Paulo, no ano de 2017, como materializa a possibilidade de interlocução entre os programas de mestrado em Letras, edificando um corpo de pesquisa de representatividade na contemporaneidade da linguística aplicada ao ensino, do ensino de literatura, bem como mostrar as possibilidades de formação docente associadas em uma rede nacional, no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), coordenado por uma universidade federal, no caso a do Rio Grande do Norte (UFRN).

    O segundo objetivo deste livro tem relação com a importância crescente dos profissionais e dos grupos de estudos e de pesquisa dos cursos de Letras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), que se inclinam para discussões relacionadas à linguística textual, à linguística aplicada, análise do discurso, sociolinguística, linguagem e cognição, crítica literária, gêneros do discurso, letramentos e multiletramentos, ensino de línguas, seja materna e/ou estrangeiras, entre outras, enquanto profissionais comprometidos com o ensino de língua portuguesa e com a formação de docentes da educação básica. Este livro representa parte do produto final contido nas dissertações das diferentes turmas do Profletras e o impacto na formação dos professores nos diferentes ambientes escolares em que atuam.

    O tema em pauta acena para subsidiar leitores que se encontram em diferentes cenários: acadêmicos, professores, diretores, gestores e, acena ainda, para impactar o que prevê as diretrizes dos novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para os alunos do ensino fundamental e o que esses alunos devem aprender a cada ano letivo sobre os conteúdos referentes às diferentes áreas do saber, de modo especial os conteúdos de língua portuguesa. Assim, convidamos nossos pares, particularmente o leitor professor, formador e aprendiz, a continuar buscando novas reflexões acerca da linguagem e do ensino de línguas.

    Dourados, 26 de dezembro de 2017.

    As organizadoras

    Sumário

    INTRODUÇÃO

    LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA: REFLEXÕES PRÁTICAS A PARTIR DO PROFLETRAS

    1

    O ENSINO DA LEITURA EM SALA DE AULA COMO PRÁTICA DISCURSIVA DE LINGUAGEM

    2

    COMPETÊNCIA LEITORA E PRODUÇÃO TEXTUAL DE FÁBULAS

    3

    ABORDAGEM SOCIOLINGUÍSTICA EM LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA DE ENSINO COM TIRINHAS

    4

    O GÊNERO TEXTUAL ANÚNCIO PUBLICITÁRIO: UMA LEITURA SOB O VIÉS DA MULTIMODALIDADE

    5

    TIC NA EJA: AUXILIANDO A LEITURA LITERÁRIA E A PRODUÇÃO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

    6

    LEITURA E ESCRITA: UMA ABORDAGEM SOBRE A INTERAÇÃO PELA LINGUAGEM NO AMBIENTE VIRTUAL DO FACEBOOK

    7

    O FACEBOOK COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

    8

    DA TEORIA À PRÁTICA: A PRODUÇÃO DO TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO COM ESTUDANTES DO NONO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL, DE CAMPO GRANDE

    9

    O TEXTO VIRTUAL: NOVAS PERSPECTIVAS DE LEITURA

    10

    UMA LEITURA DISCURSIVA SOBRE A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL

    11

    PEDAGOGIA DOS MULTILETRAMENTOS: CONSIDERAÇÕES SOBRE QUESTÕES METODOLÓGICAS E EPISTEMOLÓGICAS

    12

    LETRAMENTO LITERÁRIO E DIGITAL NA ESCOLA: DO CONTO AO HIPERCONTO

    13

    A REINVENÇÃO DO COTIDIANO EM ARTES DE FAZER POESIA: UMA PROPOSTA DE RELEITURAS

    14

    ENIGMAS E SOLUÇÕES NO CONTO DE CLARICE LISPECTOR: CHOCOLATES PARA ELEFANTES NUM CIRCO

    15

    A ESCOLA, OS LEITORES E A LITERATURA

    16

    PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE LETRAMENTO LITERÁRIO

    17

    PROFLETRAS/UFPA 2013-2016: TEXTOS LITERÁRIOS COMO OBJETO DE PESQUISA OU O QUE O PESQUISADO DIZ DOS PESQUISADORES

    18

    LITERATURA E CULTURA SUL-MATO-GROSSENSE PRESENTES NA OBRA CONTAS DO MEU ROSÁRIO, DE HÉLIO SEREJO

    19

    LEITURA E LETRAMENTO LITERÁRIO NA ESCOLA: CONCEPÇÕES TEÓRICAS SOBRE O ENSINO

    20

    SELEÇÃO DO TEXTO LITERÁRIO: DAS PRESCRIÇÕES À SALA DE AULA

    INTRODUÇÃO

    LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA: REFLEXÕES PRÁTICAS A PARTIR DO PROFLETRAS

    O processo de ensino e aprendizagem da língua portuguesa não se distancia dos objetivos de alargar competências para o uso da língua em diferentes situações, quer via gênero textual, discursivo ou literário. Partindo do pressuposto de que os educadores constantemente precisam ressignificar suas práticas pedagógicas para lidar com os desafios que a sociedade lhes impõe, focamos no tema deste livro como forma de provocar uma reflexão ancorada na linguística, ensino e literatura.

    Enquanto organizadoras, defendemos que a prática de ensino de língua portuguesa saia do contexto das universidades e se insira no locus das escolas, no interior das salas de aula, de forma que as diferentes vozes ecoem e o esforço integrador dos educadores possa construir suas marcas de autoria e suas práticas pedagógicas diárias. Com essa expectativa queremos dar destaque às pesquisas em linguística aplicada envolvendo o ensino de linguagem e o ensino de literatura, com a leveza de pensamento necessário para compreender, interpretar e interferir nas realidades complexas representadas pelas práticas sociais situadas².

    Esta obra nasceu do desejo de reunir experiências oriundas de um Programa de Mestrado Profissional em Letras (Profletras) de pesquisadores do Centro-Oeste e demais regiões, de maneira que possibilite um diálogo enquanto sujeitos leitores, estudiosos e pesquisadores conscientes da necessidade de interação entre ensino, pesquisa e a prática em sala de aula. A intenção é gestar um livro em cujo bojo possam-se encontrar as singularidades de estudos e práticas desenvolvidas no interior das escolas, especialmente nas salas de aula do ensino fundamental.

    A troca de experiências de professores das diferentes regiões do Brasil vinculados a programas de pós-graduação sejam profissionais ou acadêmicos, tem se tornado o ponto alto para uma sólida e produtiva maneira de consolidar não só a qualidade do ensino ofertado em nossas escolas, os grupos de pesquisa e de estudo da Uems, como também agregar outros interessados pela temática para refletirem acerca do processo de ensino e aprendizagem de língua. Com este livro pretendemos difundir as discussões acerca do ensino, percorrendo espaços de multiplicidade de saberes e transitando em conhecimentos e investigações que suscitem nos professores o desejo pela leitura, pela pesquisa e pela divulgação de suas práticas escolares.

    Os professores-pesquisadores foram sujeitos mediadores, orientadores de temas que de certo modo circunvizinhavam a prática do ensino de linguagem. Diferentes campos teóricos e metodológicos serviram para amalgamar os constructos dos capítulos elencados no livro.

    Este livro cumpre mais uma finalidade, além de proporcionar interlocuções entre os pesquisadores e professores; ele traz uma homenagem póstuma ao Prof. Dr. Luís Otávio Batista, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), que por um período de 14 anos se empenhou no avanço da qualidade de ensino do curso de Letras, de modo especial, da língua estrangeira, construindo grupos de estudos de representatividade para a linguística aplicada e para os estudos literários, com destaque para o desenvolvimento de projetos de extensão e orientações em iniciação científica. Consciente da importância de um programa de mestrado no curso de Letras colaborou na construção do referido projeto do mestrado profissional, que no momento já se encontra no seu quarto ano de funcionamento, com duas turmas tituladas, cujas pesquisas têm impacto significativo no processo de ensino e aprendizagem de língua e na inserção social, fato que vai ao encontro dos objetivos do Profletras de qualificar professores para a educação básica, e outras duas turmas em andamento.

    Antecipadamente deixamos nossos agradecimentos àqueles que aceitaram nosso convite para participar do livro, embora com prazos curtíssimos e em pleno final de ano letivo, todos já ávidos pelas merecidas férias. Os textos trazem marcas de cada região, ao mesmo tempo que trazem também experiências de leitura em instâncias que constituem uma rede de saberes. Assim, para dar conta da nossa pretensão e das pesquisas desenvolvidas no âmbito do Profletras, o livro foi dividido em dois eixos temáticos, a saber: Linguagem e ensino e Literatura e ensino.

    Parte I – Linguagem e ensino

    A primeira parte inicia com um capítulo intitulado O ensino da leitura em sala de aula como prática discursiva de linguagem, em que Ana Maria Di Renzo e Eliane Cristina Dalcico fazem uma revisão de algumas práticas enquanto políticas públicas de ensino de língua e propõem um olhar teórico da análise de discurso de linha francesa, sustentada nos estudos de Pêcheux na França e de Orlandi no Brasil. Assim, procuram compreender o processo, as condições de produção para além do sentido atomizado da apreensão de um sentido que já está posto no texto, para desnaturalizar a noção de leitura, ressignificando-a visando levar os alunos à constituição do sujeito-leitor.

    Na sequência, o segundo capítulo, Competência leitora e produção textual de fábulas, escrito por Márcia do Socorro Coêlho de Oliveira e Neusa Inês Philippsen, que, consonante a teorias da sequência didática³, trabalham os gêneros textuais na escola, projetando a metodologia da sequência didática, desenvolvendo atividades por meio de módulos com o objetivo de trabalhar os tópicos e principalmente os descritores da Matriz Curricular de Referência da Prova Brasil, enfocando, na medida do possível, a leitura e a produção textual do gênero fábula, o que resultou em textos para criação e publicação de um blog, compartilhando-se, assim, os resultados com a comunidade escolar.

    O terceiro capítulo, denominado Abordagem sociolinguística em livro didático de língua portuguesa do ensino fundamental: uma proposta de ensino com tirinhas, escrito pelas pesquisadoras Elza Sabino da Silva Bueno, Gisele Souza Alves Araújo e Silvane Aparecida de Freitas, discute como o gênero tirinha vem sendo abordado em livros didáticos de língua portuguesa e o modo como esse gênero deveria ser utilizado em sala de aula, no sentido de contribuir para um ensino da língua acessivo, agradável e que retrate o contexto de uso da língua pelo aluno. O estudo objetiva ainda refletir acerca das características das tirinhas, estimulando sua leitura e análise para auxiliar no processo de ensino e da aprendizagem de língua portuguesa em sala de aula.

    O quarto capítulo, O gênero textual anúncio publicitário: uma leitura sob o viés da multimodalidade, dos estudiosos Geraldo José da Silva, Ligia Maria Benelli Rosa e Neide Araújo Castilho Teno, dialoga com várias vozes, não só entre os linguistas, pesquisadores e estudiosos da área, mas principalmente entre os educadores que atuam na docência no dia a dia da escola. Busca no anúncio publicitário caraterísticas propícias para compreensão das multiplicidades textuais que circulam na sociedade, uma vez que, nesse gênero, é possível refletir sobre estratégias argumentativas e relações de sentido. O capítulo tem o objetivo de apresentar os resultados de pesquisa em que se analisam dois anúncios publicitários como amostra para considerar as várias linguagens e incentivar o uso delas em sala de aula, enquanto forma de representação e compreensão dos textos multimodais.

    O quinto capítulo, TIC na EJA: auxiliando a leitura literária e a produções de histórias em quadrinhos, de Célia Ferreira de Sousa e Vera Lucia da Rocha Maquêa, toma um excerto de Drummond para inferir de forma analógica os contextos vivenciais dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), sujeitos da pesquisa. O texto apresentado é um recorte da dissertação de mestrado Saberes e sabores: das Leituras de Narrativas Literárias africanas à construção de leitores na Educação de Jovens e Adultos, de Célia Ferreira de Sousa, e traz reflexões e resultados sobre o uso de software educativo e suas contribuições para a releitura e escrita dos estudantes da EJA.

    O sexto capítulo, "Leitura e escrita: uma abordagem sobre a interação pela linguagem no ambiente virtual do Facebook", escrito por Glauce Correa Antunes e Isabel Cristina França dos Santos Rodrigues, discorre acerca de dialogismo, interação verbal e teoria dos gêneros⁴ e acerca da utilização contextual da escrita em rede social como ferramenta que auxilia o professor no processo de ensino e da aprendizagem de língua. Para alcançar os objetivos almejados, as escritoras analisam "fragmentos de cartas manuscritas e de postagens no Facebook produzidas por alunos de oitavo ano da rede pública", ocupando-se das contribuições da relação com a tecnologia e as implicações das ocorrências de leitura e de escrita em ambientes virtuais.

    O sétimo capítulo, denominado "O Facebook como ferramenta pedagógica para o desenvolvimento da leitura e escrita nas séries finais do ensino fundamental, de Indianara Abreu Holsbach e Nataniel dos Santos Gomes, destaca aspectos da contemporaneidade e a sociedade digital, pois de acordo com os autores, o aluno que chega às escolas hoje faz parte da geração Z, com esta característica: ser conectado. Esses jovens nasceram na era da internet banda larga e cresceram com seus tablets, notebooks, smartphones nas mãos. A informação está disponível a apenas um toque. Diante dessa situação, o trabalho apresenta uma proposta de sequência didática para o desenvolvimento do hábito da leitura e produção de textos argumentativos utilizando a rede social Facebook como ferramenta estratégica, tendo em vista ser essa rede um ambiente virtual muito utilizado pelos educandos", para auxiliar o seu fazer pedagógico em sala de aula.

    O oitavo capítulo, Da teoria à prática: a produção do texto dissertativo-argumentativo com estudantes do nono ano do ensino fundamental, de Campo Grande, de Helder Sousa Pimenta e Maria Leda Pinto, parte de uma

    [...] abordagem interacionista, que priorize o letramento, tem como foco o desenvolvimento de competências de oralidade, de leitura e de escrita. A partir desse enfoque, o ensino gramatical voltado para uma perspectiva meramente prescritiva mostra-se insuficiente, pois a interação compreende uma abordagem linguístico-textual da reflexão e do uso.

    Explica a importância da proposta de transposição didática como uma atividade mediada por uma sequência didática constituída a partir do texto dissertativo-argumentativo.

    O nono capítulo, O texto virtual: novas perspectivas de leitura, das estudiosas Adriana Lúcia de Escobar Chaves de Barros, Jackeline Pinheiro da Fonseca Ribeiro e Tatiana da Silva Magalhães Marangoni, parte do universo digital e da presença de diferentes textos e de elementos de linguagem não verbal ou mista, ou seja, dos chamados textos multimodais, que fazem parte do cotidiano de todos os falantes e usuários das redes sociais e estão cada vez mais embrenhando-se no universo escolar e corporativo. O estudo propõe uma discussão acerca da leitura e produção diante do ambiente virtual, utilizando-o como uma ferramenta que pode auxiliar o professor no seu fazer pedagógico em sala de aula.

    O décimo capítulo, denominado Uma leitura discursiva sobre a representação política no Brasil, escrito por Giselda Corrêa Dorilêo e Silvia Regina Nunes, toma como norteamento uma concepção de língua que faça sentido no espaço escolar, compreendendo esse espaço como necessário para que tanto o professor como o aluno da escola pública possam significar e significarem-se. As autoras trabalham o discurso valendo-se de noções teóricas da análise do discurso para produzir reflexões acerca da leitura e da identidade política do país. Consideram na abordagem discursiva: os elementos históricos, sociais, ideológicos que cercam a produção de um discurso e que nele funcionam; o modo como esse discurso se produz na relação com outros discursos que circulam na sociedade.

    O 11º capítulo, intitulado Pedagogia dos multiletramentos: considerações sobre questões metodológicas e epistemológicas, escrito por Ruberval Franco Maciel e Themis Rondão Barbosa da Costa Silva, trata da perspectiva dos estudos dos multiletramentos, principalmente da preocupação de como ressignificar os novos letramentos para o século XXI. Nesse sentido, busca ampliar as formas de construção de sentidos e de conceber texto para além da ideia do letramento, a partir de diferentes lógicas que podem auxiliar na construção de sentidos como: os designs linguísticos, espaciais, sonoros, visuais e gestuais. Sem perder de vista que as características do texto multimodal estão na inter-relação dos elementos composicionais do texto e o contexto de produção textual.

    Parte II – Literatura e ensino

    O 12º capítulo, Letramento literário e digital na escola: do conto ao hiperconto, escrito por Antônio Aparecido Mantovani e Elenir Fátima Fanin, trata de um estudo de cunho interventivo, fundamentado na pesquisa qualitativa e desenvolvido com uma turma de nono ano do ensino fundamental, em que as atividades desenvolvidas tomaram por base os pressupostos teóricos de Cosson com uma proposta de sequência expandida e encadeamento de atividades que valorizem o estudo do texto, no sentido de possibilitar a apropriação das capacidades de interpretação e a sensibilidade de ler e dialogar com outros textos, apropriando-se, dessa forma da cultura veiculada nestes, para além do prazer que o ato de ler, rever, interpretar e produzir pode trazer ao leitor.

    O 13º capítulo, A reinvenção do cotidiano em artes de fazer poesia: uma proposta de releituras, escrito por Henrique Roriz Aarestrup Alves e Marli Chiarani, defende a importância da humanização que o texto literário promove. Assim, os pesquisadores elaboram uma proposta de trabalho fazendo uso dos suportes teórico-metodológicos de Cosson⁵, centrados na leitura de poemas com temática do cotidiano, denominada sequência expandida, que contempla etapas planejadas para a promoção do letramento literário, uma vez que o texto tem a finalidade de provocar, nos alunos, sensibilidade para observarem sua rotina de maneira a ressignificarem o próprio cotidiano e entenderem o que é um olhar sensível, uma percepção artística, um registro poético, de forma a despertar no aluno o gosto pela leitura de textos poéticos.

    O 14º capítulo, Enigmas e soluções no conto de Clarice Lispector: chocolates para elefantes num circo, de Amaya Obata Mouriño de Almeida Prado, Anderson José de Paula e Edemir Fernandes Bagon, aborda aspectos literários e possibilidades e modos de narrar fatos ou acontecimentos vivenciados pela personagem, em que os aspectos literários apresentam relações abrangentes e fundamentadas na estética artística implicada, mas também na ordem dos gêneros discursivos elaborados conforme suas estruturas e finalidades expressivas. Em que, ao pensar a literatura enquanto arte, não se pode deixar de levar em consideração a estreita relação entre a figura do autor/sua obra e a natureza da recepção desse construto literário, no tempo e no espaço, por um público constituído.

    O 15º capítulo, A escola, os leitores e a literatura, escrito pelas pesquisadoras Consoelo Costa Soares Carvalho. e Olga Maria Castrillon Mendes, concentra toda a reflexão nos aspectos literários e educacionais, ou seja, sobre o lugar secundário e sem força significativa ao qual o texto literário vem sendo relegado. No sentido de fazer uma discussão sobre esse cenário, verificam que a questão proposta neste capítulo está diretamente ligada à relação entre a leitura literária e o ambiente escolar de produção dessa leitura. As autoras ressaltam que

    não é uma relação fácil de ser abordada; se, por um lado, há vasta reflexão reconhecendo a relevância da obra literária na constituição da vida social, por outro, ainda há na escola certa resistência às mudanças que concebem a obra de arte ficcional como produção de sentidos, e não apenas como prática unicamente pedagógica, ou seja, pretexto para o estudo dos códigos que permitem a mecânica da leitura.

    Ou apenas para os estudos de aspectos gramaticais da língua portuguesa em destaque no texto literário.

    O 16º capítulo, denominado Práticas pedagógicas de letramento literário, escrito por Eliana Aparecida dos Santos e Rosana Rodrigues da Silva, discute a promoção e a organização das políticas de incentivo à leitura, ressaltando que se trata de um dos principais objetivos do MEC e acrescentam que, por outro lado, o trabalho com o texto literário em sala de aula ainda continua em segundo plano, seja pela falta de tempo nos programas educacionais, seja pelo desconhecimento por parte do educador quanto à real função da presença da literatura nos currículos escolares.

    O capítulo apresenta um recorte dos resultados obtidos por meio de uma pesquisa-ação desenvolvida com alunos do oitavo ano de escola pública e tem o objetivo de desenvolver o letramento literário nos anos finais do ensino fundamental como uma proposta de intervenção no processo de ensino de literatura, considerando a realidade social do aluno.

    O 17º capítulo, Profletras/UFPA 2013-2016: textos literários como objeto de pesquisa ou o que o pesquisado diz dos pesquisadores, escrito pelos estudiosos Fernando Maués e Zulema Costa dos Santos, faz um mapeando pesquisa[s] das turmas do Profletras/UFPA, focalizando

    [...] uma questão mais específica: o grande número de trabalhos cujos objetos são textos literários. Tal movimento se deveu à observação de uma aparente contradição entre os objetos de pesquisa escolhidos pelos mestrandos e o contexto em que estão inseridos. Como se sabe, no mestrado profissional, os alunos precisam ser obrigatoriamente professores do ensino fundamental II, sexto ao nono ano, e a pesquisa desenvolvida carece ser uma intervenção na realidade escolar em sala de aula.

    O 18º capítulo, "Literatura e cultura sul-mato-grossense presentes na obra Contas do meu rosário, de Hélio Serejo, escrito por Edilene de Fátima Lima, Susylene Dias de Araújo e Zélia Ramona Nolasco dos Santos Freire, traz um estudo acerca de um escritor regional e analisa uma das obras de Serejo, com o intuito de conhecer mitos, lendas e costumes vigentes na época do povoamento do Mato Grosso do Sul". Uma obra contendo histórias, vivências, religiosidade e senso comum para a formação da identidade social do sujeito fronteiriço, uma vez que essa região faz fronteira com o Paraguai, cuja língua hispânica exerce grande influencia na língua e na cultura local.

    Assim, por meio da contação de história e da oralidade, o estudo, em tela, valoriza conhecer a literatura regional para enaltecer a cultura local, buscando fundamentos e metodologias que possibilitam a reflexão de sua prática, propiciando o desenvolvimento da linguagem oral e da escrita de maneira dinâmica e integradora.

    O 19º capítulo, Leitura e letramento literário na escola: concepções teóricas sobre o ensino, escrito por Emílio Davi Sampaio e Grasiela Coutinho Capilé Antoniassi, destaca as várias teorias que tratam do conceito de leitura e que podem ser definidas de diferentes maneiras, a partir do enfoque atribuído. O texto discute quatro acepções sobre leitura: geral, leitura de mundo, leitura mecânica e leitura crítica. Explicita sobre o processo histórico da leitura e o ensino da literatura no Brasil e, por fim, discorre sobre concepções de letramento e letramento literário e sua importância no processo de ensino e da aprendizagem.

    Finalmente, o 20º capítulo, Seleção do texto literário: das prescrições à sala de aula, dos autores Elisangela Cândida da Rocha Silva, Gislene Eligia Bilalva Bordin e Ricardo Magalhães Bulhões, tem a finalidade de mostrar o espaço da literatura em documentos oficiais, livros didáticos e avaliações externas (Enem), no sentido conhecer os critérios utilizados pelos professores de língua portuguesa na seleção das obras literárias, além de refletir sobre o papel da escola na apresentação do universo e na discussão dos textos clássicos com os alunos, a fim de viabilizar o reconhecimento acerca do texto, bem como promover a interação entre o aluno e a heterogeneidade de textos, sobretudo os de caráter literário.

    Referências

    BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. do russo: Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

    COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2009.

    DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michèle; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, J. et al. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004.

    ROJO, Roxane; BARBOSA, Jaqueline. Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos. São Paulo: Parábola, 2015.

    Elza Sabino da Silva Bueno

    Neide Araújo Castilho Teno

    Zélia Ramona Nolasco dos Santos Freire

    PARTE I

    LINGUAGEM E ENSINO

    1

    O ENSINO DA LEITURA EM SALA DE AULA COMO PRÁTICA DISCURSIVA DE LINGUAGEM

    Ana Maria Di Renzo

    Eliane Cristina Dalcico

    Introdução

    Diante do trabalho de leitura que se estende há muitos anos em nossas escolas, inscritos numa concepção que toma o sentido na sua literalidade, que compreende a língua como transparente, que concebe como práticas de língua a realização de exercícios do livro didático, ainda presos ao inteligível, ao que não é interpretável e ao resgate dos sentidos legitimados no texto pelo autor, é que resolvemos ressignificar nossa prática linguística com a leitura.

    Contrapondo essa forma de compreender a leitura na escola, e como condição para rever algumas práticas enquanto políticas públicas de ensino de língua propusemo-nos, a partir do olhar teórico da Análise de Discurso (AD) de linha francesa, sustentada nos estudos de Pêcheux, na França, e de Orlandi, no Brasil, propiciar uma prática de leitura que seja significativa para os alunos de língua portuguesa na escola. Para tanto, consideramos que a leitura é produzida, procura-se compreendê-la, no processo, e as suas condições de produção. Ir além do sentido atomizado da apreensão de um sentido que já está posto no texto, para desnaturalizar a noção de leitura, ressignificando-a visando levar os alunos à constituição do sujeito-leitor.

    Nas aulas, do curso de mestrado Profletras, refletimos sobre as dificuldades que nós, professores de língua portuguesa, encontramos na sala de aula e, aos poucos, fomos compreendendo essas dificuldades pelo arquivo de leitura que constituímos sobre a língua e seu ensino. Assim, nós também íamos nos constituindo discursivamente enquanto sujeitos-leitores.

    Desse modo, não poderia ser outra a forma de ressignificar nossa prática linguística com a leitura, senão inter-relacionando teoria e prática. Para ressignificar o trabalho com a leitura, desenvolvemos um projeto que se intitulou Novos gestos de interpretação: o desafio de ‘ensinar’ a ler. O lugar dessa intervenção foi a Escola Estadual Professor Demétrio Costa Pereira, situada no bairro Cidade Alta, município de Cáceres, Mato Grosso.

    Escolhemos os alunos do oitavo ano A matutino (segundo ano do terceiro ciclo), por verificar que i) a leitura era pouco vivenciada no espaço escolar e que ii), para os alunos, ler era uma atividade enfadonha, pela qual não demonstravam nenhum interesse.

    Pensar a leitura e a construção da história de leitura com os alunos em sala de aula levou-nos a pensar sobre algumas questões que direcionaram a nossa propositura: O que é ler? Como trabalhar a leitura nas aulas de língua portuguesa de forma significativa? Por que os alunos estão se afastando cada vez mais da leitura?

    Por meio da teoria, passamos a conceber o aluno como um sujeito que se relaciona com diversas formas de linguagem e, portanto, não é apenas a preocupação com o verbal ou com a escrita pela escrita que está em jogo, mas outros processos de significação: a sua significação como leitor e escritor.

    Nessa perspectiva, fez-se necessário, a fim de modificar a relação dos alunos com a leitura, entender o que é e como se processa a leitura na perspectiva da análise de discurso, para, a partir daí, compreender qual é a imagem de leitor que a escola produz e que concepção de leitura se propicia em sala de aula.

    Com efeito, a proposta foi pensada a partir das condições de produção de leitura dos alunos do oitavo ano. Assim, buscamos propor uma metodologia que atraísse esses alunos a se inscreverem como sujeitos desse processo. Além disso, consideramo-nos também como sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, ao mesmo tempo em que compreendemos nosso papel fundamental na mediação da relação sujeito e linguagem.

    Um olhar discursivo sobre a constituição da escola através dos tempos

    Segundo Di Renzo, durante muito tempo a escola foi privilégio para poucos:

    [...] sempre que recorremos à história, ouvimos ecoar o discurso da burguesia ascendente a favor da educação para o povo. Por outro lado, isto é facilmente compreensível, pois o povo precisava acreditar que a educação era condição para sua ascensão em detrimento do poder religioso⁶.

    Contudo o que está em jogo na verdade não é a preocupação de ensinar a ler e a escrever, refletir e questionar ou produzir ciência, mas de tornar o povo cidadão obediente e bom trabalhador.

    Não obstante os anos decorridos, parece-nos que essa concepção se mantém. Quando nos questionamos sobre como o Estado legitima a escola e, mais especificamente, o ensino de língua portuguesa, percebemos, assim como Di Renzo, que seu objetivo é preparar o sujeito para o trabalho:

    Se nos debruçarmos sobre os diversos sentidos que os termos ‘escola’ e ‘educação’ produzem no cruzamento com os objetivos a que se destinam, percebemos o quanto os sentidos, histórico e ideologicamente construídos, resultaram num imaginário de que a escola é um instrumento que possibilita a condição de mudança de vida: ‘vai-se para a escola para aprender a ler e escrever, para conseguir emprego’⁷.

    Entretanto, a essa altura, é interessante reconhecer que a escola que nós conhecemos ainda tem muito da Idade Média. Basta ver a forma como está configurada, professor que ensina a muitos alunos de diversas realidades, sempre organizados na forma de quartel, ou seja, sentados nos seus devidos lugares, respondendo às tarefas (im)postas pelo professor, exercitando a leitura de livros e autores para referendar o sentido já dito, legitimado praticando e fazendo exercícios repetitivos, cujo fim é devolvê-los nas avaliações etc. Além disso, realizam práticas disciplinares recebendo prêmios e castigos, e

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