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Graffiti
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Graffiti

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Apresenta um estudo sobre o graffiti e os grafiteiros, que fazem intervenções no cenário urbano de modo a contrastar com a produção de subjetividade na sociedade capitalista e a lógica de concepção dos locais nas metrópoles, com seus espaços meramente funcionais e econômicos.
A proliferação do graffiti nas grandes metrópoles representa uma nova estética nas cidades; neste estudo é possível perceber como a atuação dos grafiteiros também cria novas formas de sociabilidade e engenharia dos laços sociais.
Os grafiteiros promovem novos modos de ação e solidariedade, assim como inventam linguagens e democratizam a comunicação pública, colaborando nas construções de cultura, na produção de subjetividade e no imaginário heterogêneo de cada local.
A pesquisa deste livro revela como estes artistas criam imagens e ações que representam uma forma real de democracia nos espaços públicos.
LanguagePortuguês
Release dateJan 1, 2013
ISBN9788581921709
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    Graffiti - ANITA RINK

    realizada.

    CAPÍTULO 1

    EXPRESSÃO HUMANA E PARIETAL

    A história da arte tem seu início relacionado às intervenções gráficas feitas no interior de cavernas, que corresponde ao período paleolítico superior. Estudiosos como Ostrower (1983), revelam que as imagens grafadas na pré-história tinham um aspecto sagrado e mágico para a cultura daquela época, sugerindo que a percepção coletiva do mundo era integrada, pois o cotidiano era vivido como uma realidade mágica. Ao longo do tempo e da história, a produção imagética sobre paredes continuou existindo e ganhou novos suportes: a arquitetura e os ambientes públicos, dentre outros. Os grafismos em muros existiram em quase todas as épocas e civilizações e as tecnologias e os temas foram se adequando às diversas realidades. Foram os romanos que adotaram o termo graffiti para denominar a escrita com carvão em paredes com mensagens de protestos, profecias e outros tipos de inscrições. Grafite em grego é graphéin, que significa escrever; em latim e italiano se escreve graffiti, plural de graffito, que significa escrita feita com carvão. Nas catacumbas de Roma e em outros sítios arqueológicos, como na cidade de Pompeia, na Itália antiga, as paredes têm registros sobre a vida cotidiana antiga. Diferentes formas de pinturas e desenhos em paredes foram encontradas nas decorações da Mesopotâmia, em templos e tumbas da cultura egípcia, em Bizâncio, Grécia e Roma. Isto significa que, muito antes dos tempos atuais, o imaginário e o cotidiano de cada época já eram expressos nas paredes das cidades (Civita, 1971).

    As primeiras pinturas rupestres eram feitas com materiais extraídos diretamente da natureza. Estas formas de intervenção se estenderam por diversos tempos e culturas e só não há muitos registros da Idade Média, já que há pouca informação histórica sobre a pintura em superfícies arquitetônicas naquela época. A arte de pintar sobre paredes ressurge com grande força na Renascença, com os afrescos de forte apelo estético, confeccionados juntamente com a parede. Os azulejos pintados artisticamente foram mais uma das muitas formas de arte surgidas no espaço urbano, ainda utilizados como forma de arte destinada ao espaço arquitetônico. No séc. XX, a arte mural marca o movimento muralista mexicano de 1910, composto pelos artistas Diego Rivera, José Clemente Orozco e David Alfaro Siqueiros. Também chamado de arte revolucionária, este movimento pretendia redimir a grandeza da identidade mexicana ofuscada com a colonização espanhola (Bello, 2003).

    A pintura em muros e paredes tem sido marcada por temas que oscilam entre os relatos de episódios históricos, cenas mitológicas, iconografia religiosa, elementos decorativos, arte política e outros. Segundo Rink (2007), os seres humanos de todas as épocas usaram e criaram imagens que facilitaram e propiciaram avanços morais, estéticos, tecnológicos, filosóficos, científicos, etc (p. 65), pois as mudanças nas formas de expressão artística e em seus temas geralmente propiciam novos pontos de vista ao espectador e consequentemente à sociedade.

    O que conhecemos como graffiti no século XXI é muito diferente das pinturas em muros do passado, pelo simples fato de que cada ação humana se insere em certo contexto histórico e cultural. Desta forma, as diferentes intervenções urbanas em paredes se distinguiram pelo momento histórico e o sentido da cultura vigente em cada época. Em comum, talvez, expressões gráficas em paredes carreguem a necessidade humana de comunicação pública de pensamentos e emoções que têm se traduzido, ao longo do tempo, em diversas formas de produções estéticas e manifestações de ideias e posições ideológicas.

    1.1 Modernidade e Pós-Modernidade

    Com vistas ao melhor entendimento do graffiti na atualidade, é importante observar as transições que o mundo vem sofrendo desde o modernismo, mais precisamente nos últimos anos do século XIX até a Pós-Modernidade, iniciada nos anos 1960, juntamente com os movimentos juvenis e contraculturais. Segundo Harvey (2005), no Modernismo a arte, a arquitetura e a literatura tentaram quebrar as premissas iluministas de universalização da verdade e, assim, o artista moderno tinha como intenção, ao produzir seus trabalhos artísticos, um tipo de destruição criativa movida também pelas necessidades de mudanças de sua época. Baudelaire afirma que o Moderno bem sucedido quebra o universalismo e inaugura o fugidio e o efêmero. O Modernismo, porém, se tornou um sistema de práticas da atual cultura dominante, positivista, excêntrica e racionalista, referenciada a uma elite de vanguarda, por isso é que Harvey (2005) faz referências à modernidade como um momento de fortalecimento das características que inicialmente eram combatidas. Também para Lima (2004), ocorreu no Modernismo o fortalecimento do positivismo e das hierarquias, assim como da produção massificada e o excesso de valorização mecânica dos saberes em relação à realidade,

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