Mancala
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Book preview
Mancala - RINALDO PEVIDOR PEREIRA
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2016 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.
Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: DIVERSIDADE DE GÊNERO, SEXUAL, ÉTNICO-RACIAL E INCLUSÃO SOCIAL
Deus, autor da minha fé e inspiração filosófica do meu viver.
AGRADECIMENTOS
Agradeço-te, ó Deus! Por tudo que tens feito e por tudo que vais fazer
.
Agradeço especialmente ao meu pai, a minha mãe e aos meus familiares e amigos, que sempre me apoiaram com sugestões de leituras e ainda com palavras que elevaram minha autoestima.
Quero agradecer ao professor Dr. Henrique Cunha Junior pelas correções e sugestões para a elaboração deste livro.
Sou grato à Prefeitura Municipal de Vitória e à Prefeitura Municipal de Cariacica-ES, bem como à Escola Heloísa Abreu Júdice de Matos e Manoel Melo Sobrinho, pelo apoio pedagógico e financeiro. Agradeço também aos meus colegas de trabalho que, por intermédio dos seus incentivos, contribuíram para a prática do jogo na escola.
Tenho imensa gratidão por minha esposa, Fabiane Silva Rodrigues Pevidor Pereira, pelo apoio e carinho e, principalmente, pela compreensão apresentada nos finais de semana que passou ao meu lado estudando.
Quero agradecer a compreensão e o apoio de minhas filhas, Hemily, Gabriela e Fernanda.
Não vejo mérito em mim próprio pela conclusão deste livro, apenas digo: Deus é fiel. Ele é quem nos capacita com seu imenso amor e com sua infinita misericórdia.
PREFÁCIO
Antes de trazer uma breve reflexão sobre o lindíssimo e envolvente trabalho de Rinaldo Pevidor Pereira, sinto a necessidade de dizer algo sobre a pessoa dele. Conheci-o por intermédio do professor Henrique Cunha, no nosso programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da FACED-UFC. Naquele tempo, o Núcleo das Africanidades Cearenses (NACE) já estava experimentando o que viria a ser denominado de Pretagogia, uma abordagem pedagógica teórico-metodológica afro-referenciada para a formação de professoras/es na área das africanidades. Já existia um acúmulo de experiências na abordagem da afrodescendência e as matemáticas africanas, promovida pelo professor Cunha, e estávamos muito influenciados também pelos estudos em curso do filósofo Eduardo Oliveira, que fez doutorado no nosso Programa, então orientando do professor Cunha, hoje professor na UFBA. Foi em meio a esse rico caldeirão de experiências, acontecendo na cidade e no quilombo, que conheci Rinaldo Pevidor Pereira.
A medida que ele foi enfrentando os desafios do estudo do jogo Mancala, sob enfoque matemático, pedagógico e filosófico, tema deste livro, Rinaldo foi demonstrando as grandes qualidades humanas que possui enquanto pedagogo, amigo e integrante do movimento que luta pelas ações afirmativas de promoção da igualdade racial. A sua sensibilidade e senso de comunidade o manteve próximo de todos que éramos do NACE, fortalecendo nossa integração, estando sempre comprometido em colaborar, partilhar e trocar. Coincidentemente, ou não, estávamos envolvidos já à época na realização do curso-evento Memórias de Baobá, que realiza em Fortaleza uma formação de quatro dias voltada essencialmente para professoras/es em serviço, no Passeio Público, uma praça pública da cidade muito arborizada e que possui um Baobá centenário, símbolo do nosso Encontro. Assim, aconteceu uma troca mútua de conhecimentos, em que Rinaldo Pevidor Pereira e Henrique Cunha Junior, participaram de modo muito qualificado, desde a fundação de publicações e intervenções pedagógicas no Memórias de Baobá e nos componentes curriculares que ministrávamos, deixando saudades entre nós quando retornou à sua terra natal, Espírito Santo.
Esse caráter sensível, comprometido e agregador do autor deste livro, explica sua opção pela pesquisa intervenção integradora e sua identificação com a postura de dentro que tanto as abordagens da afrodescendência (do pesquisador Henrique Cunha) e pretagogia (da pesquisadora Sandra Petit) preconizam. Não à toa começa revelando o lugar de onde pesquisa e suas implicações no tema em tela, a partir da sua própria trajetória, inicialmente enquanto aluno de escola pública, posteriormente como professor no nível fundamental da rede pública de ensino, quando buscou detectar os motivos do insucesso de seus estudantes. Essa entrada e forma direta de nos narrar todas as fases da pesquisa, inclusive sua pré-história (trajetória dele) faz com que sintamos proximidade e realismo em tudo que ele apresenta. Graças à sua narrativa sensível, ficamos mais envolvidos e até uma pessoa pouco afeita à matemática, como eu, se encanta e fica com vontade de conhecer e aprender essa nova abordagem matemática contextualizada com nossa cultura afro-brasileira.
A dissertação O jogo africano mancala e ensino de matemática em face da lei 10.639/03, do autor, agora adaptada neste livro, é de fato uma mostra exemplar de um trabalho acadêmico de extrema relevância heurística, pedagógica e sócio-política. Do ponto de vista heurístico e sócio-político, o trabalho questiona o ensino da matemática na escola, que vem continuamente registrando resultados insatisfatórios por não atrair alunos e alunas, particularmente nas escolas públicas, faltando-lhes uma contextualização cultural e ressonância afetiva. Além dos conteúdos não apresentarem a devida concretude e significância ao público visado, as metodologias reproduzem, de modo estanque e pouco criativo, apenas uma matriz cultural, eurocentrada, desconsiderando as possibilidades de conexão com as matrizes africanas e indígenas do Brasil, presentes fortemente entre o alunado.
No que diz respeito à representatividade da matriz africana no currículo, foco desta obra, em 2003, o Brasil conquistou a lei 10.639/03, elogiada internacionalmente pelo esforço de reconhecimento da diversidade cultural do Brasil e seu caráter de ação afirmativa político-pedagógica, de grande relevância no contexto latino-americano. A lei 10.639/03, que institui a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, fornece base jurídica para combater o preconceito racial anti-negro e o apagamento de sua história e cultura na escola. Entretanto, tem encontrado dificuldades de implementação no país pelo caráter arraigado e persistente desse preconceito. Apesar disso, tem servido de impulso fundamental para políticas públicas de formação continuada de professores/as e incentivado docentes em serviço a buscarem caminhos teórico-metodológicos de inovação pedagógica, mostrando que é possível sim tornar o currículo das escolas mais rico, diversificado e equilibrado, gerando efeitos importantes no alunado, independentemente de sua cor, no sentido de se produzir conhecimento novo acerca das origens e contribuições africanas no Brasil, além de senso de conexão e significância sociocultural.
A dimensão sociopolítica torna o estudo de Rinaldo extremamente relevante, pois contribui para a mudança desse quadro desfavorável ao sucesso de alunas e alunos das escolas públicas que pouco têm conseguido relacionar a matemática com suas vidas e histórias, daí manifestando forte desmotivação. Nesse contexto de negatividade, propor-se a uma pesquisa intervenção é de grande valia, pois, para além de constatar dificuldades, experimenta abrir caminhos de superação, que permitem reproblematizar a questão. Antenado com os estudos mais avançados em etnomatemática no mundo e, em particular a afroetnomatemática de Henrique Cunha Junior, Rinaldo Pevidor Pereira fortalece uma área ainda pouco explorada, que é a contribuição do legado cultural africano para a matemática. E mais, além de mostrar possíveis caminhos de tratamento do assunto, a partir da riqueza do símbolo africano que é o baobá, árvore sagrada com uma multiplicidade de usos e significados, aproxima docentes e alunado da matemática africana de modo participativo, vivencial e concreto, dando constantes retornos em ato no processo investigativo. Gerando apropriação, contentamento e atitudes de empoderamento afirmativo, Rinaldo Pevidor Pereira e Henrique Cunha Junior nos mostram o quanto a inspiração na ancestralidade africana pode se tornar uma inovação pedagógica benéfica a todos os atores envolvidos no ato educacional.
Do ponto de vista mais diretamente político-pedagógico, o livro nos brinda com uma série de aprendizados ricos e criativos em torno desse jogo milenar, tais como:
• as interfaces entre matemática, biologia, educação ambiental, geografia, história, arquitetura, tecnologia, artes, culinária e filosofia (cosmovisão africana, notadamente, o ensinamento profundo envolvido na ideia de semear para colher
) que o baobá e o jogo Mancala propiciam, lembrando a transversalidade propagada pelo grande estudioso tradicionalista malinense Hampâté Bâ, segundo o qual a cosmovisão africana não fatia o conhecimento;
• na matemática aborda conceitos como estratégia, estimativa, cálculo, probabilidade, percentagem e análise combinatória, sempre a partir das possibilidades do jogo Mancala;
• em termos didáticos, levanta a riqueza de recursos e dispositivos pedagógicos, tais como o jogo em si, inclusive on-line, os grupos de pesquisa na internet, o audiovisual, a edição de gráficos, a produção de software.
Por fim, e esse não é o menor dos méritos em tempos de retrocesso das políticas públicas de integração, aqui particularmente, da população negra do país, o livro vem mostrar a importância do combate ao racismo e preconceito pela promoção da diversidade cultural e o descortinar do apagamento das contribuições africanas a ciência e tecnologia no Brasil e no mundo. Grande obra de defesa da conquista histórica da lei 10.639/03 como marco nessa luta, o livro mostra também que a formação de professoras e professores faz diferença, numa escola aberta em que docentes e diretoria se envolvem juntos num projeto extremamente rico e inovador.
Só me resta parabenizar as comunidades escolares, em particular das prefeituras de Cariacica e Vitória no Espírito Santo, envolvidas ávidas por uma educação livre de preconceitos e aberta à diversidade, e, em destaque, os autores Rinaldo Pevidor Pereira e Henrique Cunha Junior, pela coragem, beleza e sensibilidade científica apurada! Que receba a devida e merecida divulgação e que a Espiritualidade abençoe seus caminhos!
Bons ventos!
Abraço e Gratidão.
Sandra Haydée Petit
Professora Associada da FACED-UFC
Coordenadora do NACE (Núcleo das Africanidades Cearenses)
Doutora em Ciências da Educação pela Paris VIII
Autora do livro Pretagogia (2015)
Apresentação
Mancala: o jogo africano no ensino da matemática versa sobre a utilização do jogo para a construção de conhecimentos matemáticos e culturais africanos. A obra apresentará ao leitor a forma como se deu a utilização do jogo para a construção de conhecimentos, bem como a maneira diversificada da prática do jogo no ambiente físico e virtual. O ambiente virtual contribuiu de forma significativa para introduzir as regras do jogo e para a interação dos alunos no meio digital.
No contexto global, as tecnologias digitais de informação e comunicação fazem parte do cotidiano das sociedades contemporâneas. Elas estão presentes nos meios de comunicação, saúde, educação, segurança, transporte e entretenimento, sendo o jogo um dos entretenimentos mais utilizados pela sociedade global. Entre os jogos, encontramos o jogo físico e o virtual. Na prática dos jogos físicos estão envolvidos muito esforço físico e bastante coordenação motora. Enquanto que os jogos virtuais exigem pouco esforço físico e baixa coordenação motora, fatores que contribuem para a adesão de um número cada vez maior de crianças em fase de desenvolvimento. Hoje, é muito comum encontrarmos em nossa casa, nas praças ou qualquer outro local público crianças utilizando smartphones, laptops e tablets. Entre um aplicativo e outro, o mais comum é aquele que representa um jogo virtual.
Atualmente, os jogos fazem parte da cultura global e, além de entretenimento, eles contribuem para que as pessoas possam desenvolver habilidades, que favorecem a resolução de problemas reais do cotidiano. A diversão no mundo virtual é uma realidade das crianças, se estendeu para adolescência e depois para a fase adulta. Dentre os jogos virtuais, encontramos opções para todas as faixas etárias, desde o infantil até o adulto. Jogos infantis, apresentam características inerentes a essa faixa etária, e os jogos adultos, geralmente, envolvem violência e linguagem imprópria. As crianças já chegam às escolas com a cultura do jogo, e nós, professores, muitas vezes não temos a capacidade de potencializar o jogo como um recurso no contexto escolar, por considerar, sem uma análise crítica que sustente essa concepção, que os jogos não contribuem para aprendizagem da criança.
Por ter uma visão cética sobre o jogo, muitos educadores o interpretam apenas como entretenimento, sem uma percepção concreta de suas potencialidades para o processo de ensino e aprendizagem. Outros até utilizam, porém de maneira superficial, sem uma intencionalidade educativa que favoreça o processo de construção de conhecimentos. Eu mesmo percebi que o jogo poderia ser uma ferramenta pedagógica para o ensino de matemática há pouco tempo, quando o experimentei em minhas aulas. Tinha muita resistência, por considerar os jogos apenas diversão. Não conseguia perceber a possibilidade de construir conceitos de matemática, por meio da utilização dos jogos. O descrédito nas potencialidades dos jogos é construído por uma visão tradicional de ensino, que é herdada nos cursos de licenciatura, onde privilegiam os modelos matemáticos historicamente acumulados, que são muitas vezes desvinculados de uma aplicação prática no cotidiano.
Além disso, o sistema tradicional de ensino tem um enfoque voltado apenas para os conteúdos, desconsiderando o contexto social dos alunos. Há quem diga que os problemas sociais estão a cargo dos investigadores sociais e os problemas matemáticos, a cargo dos investigadores matemáticos. Tal concepção desconsidera que a própria linguagem matemática foi construída em contextos sociais específicos e para responder a determinados problemas sociais. Para que serve a matemática se não for para resolver problemas reais do quotidiano? Neste sentido, consideramos que a matemática não é apenas uma ciência que estuda objetos abstratos, sem nenhuma relação com contextos sociais.
Os conflitos sociais que acontecem no mundo global são oriundos da diversidade cultural, e no Brasil não é diferente. Somos um povo multicultural e, portanto, tal diversidade tem gerado, no Brasil, desde a época colonial, uma cultura que promove a discriminação contra o negro e o seu legado. Essa discriminação gera conflitos sociais de ordem étnico-racial, em todos os segmentos sociais brasileiros. Na escola, Munanga (2005) enfatiza que o conteúdo preconceituoso dos livros e materiais didáticos, somados com a incapacidade do professor em lidar profissionalmente com a diversidade cultural, desestimulam e prejudicam a aprendizagem do aluno negro. Muitas vezes, nós, professores, não percebemos a intencionalidade preconceituosa