Genoma Mortal
By Alejo Viar
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O livro Genoma Mortal conta a história de um assassino e a investigação do caso.
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Genoma Mortal - Alejo Viar
1–O VALENTÃO
Nova York, Junho de 2000
–Vão me matar se eu falar.
–Não farão, não se pode matar duas vezes a mesma pessoa –Michael Lorrey levantou sua arma, olhou nos olhos do valentão e pegou o revólver. Para ele não era novo ameaçar de morte alguém, mas desta vez tinha intenção de cumprir sua ameaça.
–Não, não, espera! –Buddy girou a cabeça cobrindo–a com os braços, em um inútil gesto instintivo de proteção. Sabia que Lorrey não estava brincando, que estava a ponto de morrer. Buddy Hander, valentão e cafetão, clandestino das más artes, do imortal, do ilegal. Mas inteligente para entender que tinha que falar para seguir vivo–. Quero que você me coloque no programa de proteção as testemunhas, que me deem uma nova identidade em outra cidade e te direi onde a escondem.
–Não percebe, Buddy! Você vê muitos filmes. Nem sequer sou polícia. Tens cinco segundo...
Efetivamente, Michael Lorrey não era da polícia. Foi durante anos, até que o expulsaram do corpo por agredir um superior. O surpreendente era que seguia trabalhando para eles. Depois da sua expulsão, obteve a licença de investigador privado e só uma semana depois, recebeu a primeira ligação de seu antigo tenente, Alan Rosberg, solicitando seus serviços. Isso se transformou em habitual nos seguintes cinco anos, apesar da relutância dos chefes de liderança. Com regularidade era chamado para colaborar em vários casos. A última ligação produzido há quatro dias. Uma menina, Rebecca Harrington, havia desaparecido. Pai milionário, executivo em Wall Street, apartamento com vista para o Central Park. Aparentemente, um objetivo claro para um sequestro com pedido de resgate.
Lorrey marcou o número de Rosberg, agora era capitão.
–Sim, Michael?
–A menina está em Queens, em uma loja de móveis de jardim perto do aeroporto. Não sei a direção exata, mas se pode localizar. Se chama Garden World. Dois homens no máximo. Talvez um só.
–Rebecca Harrington? Como você...? –desistiu de acabar a pergunta. Sabia que não contaria nada. Nunca fazia–. Meu Deus! Não estaria alí?
–Não, estou em Chelsea. Agora os vermes rastejam por aqui –Desligou.
Buddy se rastejava no chão, tentando parar a hemorragia nasal.
–Você quebrou o meu nariz, idiota! –A dor pulsante fez que saíssem lágrimas.
Havia destruído o septo nasal com um só golpe. Lorrey era muito forte para sua pequena estatura. Mas sua baixa altura compensava com rapidez e agilidade de um boxeador de peso médio. Elétrico e contundente. Ainda que seu rosto revelasse que ele não ganharia sempre. Uma vida repleta de enfrentamentos físicos havia deixado de presente profundas cicatrizes, que ajudavam a transmitir o marcado caráter de sua personalidade a uma simples olhada. Isso parecia ser muito útil em seu trabalho, a fim de intimidar quem fosse necessário.
–Você cruzou a linha, negro de merda. Você passou minha linha e isso são más notícias para você. Significa que da próxima vez que você vá, eu te matarei. Se quiser que viva seu nariz, desapareça.
Michael Lorrey em essência pura. Violento, racista, machista, mal falado e amargurado. Mas efetivo. Não era habitual que pegasse alguém depois de obter o que queria, mas em Buddy se somaram vários motivos que o incomodaram de maneira especial: tinha putas, se fazia misturado no sequestro de uma menina e sobre tudo, era negro. Acabava de perder como confidente, mas sobravam Buddys na cidade. Era sua maneira de trabalhar. Nunca na delegacia, não com computadores, nada de vigilância eletrônica. Direto. Na rua alguém tinha que saber algo. Ele sabia como encontrar esse alguém. E claro, sabia como fazer ele falar.
2–O CAPITÃO
As 7:30 do dia seguinte tocou o telefone quando Lorrey saia do banheiro. Número desconhecido. Desligou. Volveu a tocar vários segundos depois. Número desconhecido. Ficou pensativo. «Cedo demais para ser um pelma».
–Sim?
–Olá Michael! Sou eu, Alan. Pode estar dentro de meia hora no parque que fomos na graduação de minha sobrinha?
–Claro, mas me dá quarenta minutos.
–Nos vemos lá.
Alan Rosberg, agora capitão, ligando de um telefone que não era nem da comissária nem seu celular, sem querer nomear o lugar do encontro. Soube de imediato que algo grave acontecia. Trinta e cinco minutos depois chegou ao extremo sul de Battery Park. O encontrou apoiado no corrimão sobre o Hudson, olhando até a Ilha de Ellis. Havia herdado de seu pai um porte militar que chegava a intimar a quem não o conhecia. Sua grande extensão dava também uma falsa impressão. Assustado, sacudiu suas enormes mãos, mas era tudo bondade e simpatia, em excesso em outras ocasiões. Lorrey repetia muitas vezes: ´´não se pode ser tão