Sinhana: Biografia de Uma Escrava Quilombola
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A escravidão no Brasil durou mais de 300 anos. Ao todo, foram trazidos da África para o Brasil mais de 5,5 milhões de negros para o trabalho escravo. Desse montante, 650 mil morreram só durante a travessia, ou seja, mais de 10%. Sem contar os milhares de escravos que morreram em território brasileiro pelas torturas, castigos e assassinatos. Por mais que livros, filmes e conteúdos digitais tentem nos mostrar o que foi a escravidão, e esse livro não é muito diferente neste sentido, apenas teremos uma ínfima noção da realidade. Só quem de fato viveu como escravo sabe o que foi uma das maiores atrocidades da história da humanidade.
Através da médium Clarice, essa história me foi contada durante os anos de 2015 e 2016 em várias sessões mediúnicas, que foram gravadas em áudio e transcritas para o conteúdo deste livro. Nesse período comecei a ter contato com a guia espiritual de Clarice que quando esteve encarnada na terra chamava-se Sinhana. Nasceu como escrava em terras brasileiras, provavelmente na primeira metade do século XIX.
A história de Sinhana não só nos mostra todo o sofrimento vivido por uma escrava no Brasil, como também a bela amizade entre duas mulheres em posições sociais completamente antagônicas: Sinhá Clarice e sua escrava Sinhana.
Essa é a sua história, em suas próprias palavras.
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Sinhana - Marco Paulo Chaves
PREFÁCIO
A escravidão no Brasil durou mais de 300 anos. Ao todo, foram trazidos da África para o Brasil mais de 5,5 milhões de negros para o trabalho escravo. Desse montante, 650 mil morreram só durante a travessia, ou seja, mais de 10%. Sem contar os milhares de escravos que morreram em território brasileiro pelas torturas, castigos e assassinatos.
Por mais que livros, filmes e conteúdos digitais tentem nos mostrar o que foi a escravidão, e esse livro não é muito diferente neste sentido, apenas teremos uma ínfima noção da realidade. Só quem de fato viveu como escravo sabe o que foi uma das maiores atrocidades da história da humanidade.
Através da médium Clarice, essa história me foi contada durante os anos de 2015 e 2016 em várias sessões mediúnicas, que foram gravadas em áudio e transcritas para o conteúdo deste livro. Nesse período comecei a ter contato com a guia espiritual de Clarice que, quando esteve encarnada na terra, chamava-se Sinhana. Nasceu no Brasil provavelmente na primeira metade do século XIX.
Só para a Bahia, onde desembarcaram os pais de Sinhana, protagonista desta história, foram 1,7 milhão de negros. Essa enorme quantidade de escravos começou a chegar por lá em 1582, carga
da primeira embarcação vinda da África com destino ao estado baiano: o Navio Negreiro Santo Antônio
. Ciclo da Guiné foi o nome dado ao primeiro grande período do tráfico de escravos para as Américas.
Por saber que seus pais já falavam português na África, seu país de origem pode ter sido Guiné Equatorial ou Moçambique, países africanos de língua portuguesa que eram grandes fornecedores de escravos no século XIX. Além da Rota do Golfo do Benim, a Rota de Moçambique foi muito utilizada neste período pelos navios negreiros que tentavam fugir da pressão da Inglaterra, que em 1807 passou a considerar ilegal o tráfico de escravos.
Como ela própria nos conta os escravos não tinham noção das épocas, dos anos, dos locais ou das datas. Os escravos não sabiam ler nem escrever, o que dificulta a localização exata da vida de Sinhana no tempo. Porém, isso não torna sua história menos interessante ou menos real. O que é uma data comparada à vida de um negro no período escravagista do Brasil Colônia.
Sinhana ganhou esse nome devido ao fato de ser a escrava de quarto, a ama
da Sinhá do engenho. As negras da casa-grande a chamavam de Sinhá Ana
, pelos privilégios (pouquíssimos) que ela tinha por cuidar da Sinhá.
O conteúdo dessa narrativa está disposto fielmente como se passou. Apenas procurei dispor, dentro do possível, as conversas em ordem mais ou menos cronológica. Mas, de modo algum, esse ajuste retira do livro sua alma principal: A história de Sinhana não só nos mostra todo o sofrimento vivido por uma escrava no Brasil, como também a bela amizade entre duas mulheres em posições sociais completamente antagônicas: Sinhá Clarice e sua escrava Sinhana.
Esta é sua história, em suas próprias palavras.
O autor acredita em um país laico e respeita todas as religiões, sem exceção. Acredita principalmente na espiritualidade humana, portanto esse livro não trata de nenhuma linha religiosa, afro-religiosa ou filosófica, ocidental ou oriental, nem de dogmas de nenhuma espécie. Essa obra é de conteúdo exclusivamente espiritualista.
ÁFRICA
Você veio da África ou nasceu aqui no Brasil?
Não. Meus pais é que vieram de lá.
Da África, mas de onde exatamente?
A única coisa que Sinhana sabe é que lá eles falavam português. Eu sei que eles falavam português, porque Sinhana escutava as pessoas conversando em português e quando o navio chegou no Brasil todo mundo falava a mesma língua.
Então já reduz bastante os possíveis lugares de onde seus pais possam ter vindo, porque tem meia dúzia de países africanos que falam a língua portuguesa.
Sinhana não sabe.
Em Angola, por exemplo, se fala português.
Depois você pesquisa, depois você me conta. Porque agora eu também quero saber tudo.
Existe uma biografia, a única