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Velas de Portugal
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Velas de Portugal

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Fugir do esmerado trabalho de linguagem é impossível para Luiz de
Miranda, uma vez que passou os últimos 50 anos limando a metáfora.
“Velas de Portugal”, o poeta do Sul do Brasil presta homenagem
à cultura portuguesa, seus autores, seu espírito livre e desbravador.
Luiz de Miranda viaja no caminho da palavra em busca de si mesmo sob
A ótica da Língua e da Literatura Portuguesa.

LanguagePortuguês
PublisherEmooby
Release dateJun 14, 2011
ISBN9789898493996
Velas de Portugal
Author

Luiz De Miranda

Luiz de Miranda nasceu em Uruguaiana/RS, fronteira com a Argentina e Uruguai. Sucesso de público e de crítica. “Amor de Amar” vendeu 1860 exemplares em 2 meses. Livro dos Meses vendeu mais 30 mil. Livro do Pampa, 20 mil. A maioria de seus livros está com a edição esgotada. Recebeu o “Grande Prêmio de Poesia do ano de 2001”, instituído pela Academia Brasileira de Letras, pelo livro Trilogia do Azul, do Mar, da Madrugada e da Ventania. Para Ary Quintella: “Miranda é o melhor poeta vivo do Brasil”. O poeta Affonso Romano de Sant’Anna afirma: “Sua poesia é forte, é um verdadeiro “Canto General”, de Pablo Neruda, cheio degenerosa amizade. A Poesia sopra com a força mítica de Orfeu. Um Orfeu dos Pampas”. LM é verbete da Enciclopédia Biblos da Europa, a pedido da Universidade de Coimbra, Portugal, com texto composto pela crítica e professora, Dra. Regina Zilberman.Em 1988, recebeu o “Prêmio Érico Veríssimo”, da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Em 1997, ganhou o título “Cidadão de Porto Alegre”, por votação unânime dos vereadores.Recebeu o Prêmio “Negrinho do Pastoreio 2005”, como melhor poeta do Rio Grande do Sul. A votação foi feita por Prefeitos, Vice-Prefeitos e Secretários de Cultura do Estado. Miranda tem 28 livros publicados, num total de 2706 páginas editadas. Tem prêmios nos Estados Unidos, Itália, Paraguai e Panamá.Foi eleito Membro de Honra do Instituto Literário y Cultural Hispânico, em março de 2007, ao lado de nomes como Jorge Luis Borges, Ernesto Sábato, Isabel Allende, tornando represente do Instituto no Brasil, com sede na Califórnia (USA). Seus 40 Anos de Poesia foram comemorados no Brasil, Argentina e Paraguai. Também foi criado o “Concurso Bi Nacional Poeta Luiz de Miranda” para escritores argentinos e brasileirosEm 1987 foi eleito para a Academia Rio-grandense de Letras e em 2000 para a Academia 184Sul Brasileira de Letras, localizada em Pelotas/RS.É Sócio Honorário do Instituto João Simões Lopes Neto.Seu último livro foi editado pela Editora Global, SP,” Melhores Poemas de Luiz de Miranda,” com seleção e prefácio de Regina Zilberman. Esta coleção já publicou Fernando Pes- soa, Castro Alves, Ferreira Gullar, Camões, entre tantos autores ilustres das Letras. O livro Melhores Poemas de Luiz de Miranda tem 67 poemas num total de 207 páginas. Na Fortuna Crítica estão Ivan Junqueira e Moacyr Scliar, da Academia Brasileira de Letras; Ferreira Gullar., Gerardo Mello Mourão, Ary Quintella, Nelson Verneck Sodré, Affonso Romano de Sant’Anna, do Rio de Janeiro; Perfecto Cuadrado, da Espanha; José Augusto Seabra, de Portugal.

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    Velas de Portugal - Luiz De Miranda

    Que eu canto o peito ilustre lusitano,

    A quem Netuno e Marte obedeceram.

    Cesse tudo o que a musa antiga canta,

    Que outro valor mais alto se alevanta.

    Camões – Os Lusíadas – Canto I-3

    I

    Oro por Portugal

    que ensina

    minha mão

    chegar ao final

    deste livro de amor,

    paixão e louvor

    de um homem solitário

    do Sul do Brasil

    que leva consigo

    além das palavras

    seu cão e seu cavalo,

    pois é com Deus que falo.

    Oro o ofício que fura a noite

    e funda um pátio de estrelas

    nos fundos de minha casa.

    Aí está o passado,

    amigo dos livros

    e da sabedoria.

    Oro o ouro

    das lavouras

    do eco da palavra

    e seu tesouro

    e tudo muda e resplandece

    a noite amanhece,

    coberta de amores

    e de um ramalhete de orquídeas

    que deixo pousado

    em tuas brancas mãos,

    amigo do vinho

    e da liberdade.

    Perto de ti eu adivinho

    o nome e sua eternidade,

    por vozes que não conheço,

    falarei da morte

    e seu martelar contínuo

    sobre amigos,

    irmãos,

    amadas.

    À madrugada alta

    ela ceifa nossos olhos.

    O turvor nos fecha os poros,

    por isso choramos,

    lágrimas que vão à terra,

    onde tudo termina

    e a nada ilumina

    no sentimento gris,

    mas renascemos no verso

    a extrema-unção final

    e isto são Velas de Portugal.

    II

    Vou adiante

    daquilo que me mata,

    a hora não desata

    e vamos no tempo

    por alqueires de luz azul.

    O Sul é meu país,

    onde domo o potro vidente

    que é a lente dos meus olhos.

    Meu amigo e companheiro,

    meu canto não tem fronteira,

    mesmo no desterro da pampa,

    onde um homem se levanta

    e escreve novamente

    seu caminho,

    no andar lento

    do seu cão e seu cavalo

    tendo por sina o vento

    que dobra as esquinas do mundo,

    o mapa de nossa vida

    por isso chamamos bem alto,

    e somos um sobressalto

    que não conhece paradeiro.

    III

    Incêndios da minha vida,

    toda ela repartida

    dos portos de Lisboa,

    assim não canto à-toa.

    O semblante do que me nutre

    no véu da chuva,

    na neblina das horas,

    no que vira a eternidade

    minhas pobres mãos.

    Metade é solidão,

    outra metade é saudade

    que se retesa

    em rios de rima

    no pavilhão que nos guarda,

    avante armas de mil tiros,

    ou sóis do rio Tejo

    são milhares de vozes

    que virão

    um imenso vitral.

    IV

    Sou homem que vai longe

    como terras de alentejo.

    Construo ponte e farejo

    um verde horizonte.

    Toda coragem que tenho

    é pampa por valentia

    que alumia a jornada,

    povoada de mares à vista

    e chegada fora de hora,

    sem assinatura

    ou testemunho,

    é levante prematuro

    de mil cavalos

    que vão dar no mar,

    tendo por fim

    o solitário cio

    do destino

    que trago

    desde menino

    em meus alforjes de luta

    e a força que alumia

    a palavra santa de cada dia.

    V

    O que eu tinha

    sumiu na tarde gris,

    onde até os fantasmas

    agonizam e morrem.

    Trôpegos, os adeuses

    escrevem o que fiz.

    Tudo é ontem,

    e o amanhã não vem,

    apenas na aba

    do meu chapéu

    é uma perola de espanto,

    onde canto o que não sabia.

    A melancolia me habita

    o mundo é pequeno,

    mas palpita

    um breve aceno

    uma brisa leve

    que não me leva

    e me deixa cego

    nesta hora tardia

    onde há noite

    e não há dia

    e a vida é pura ventania.

    VI

    A ira inábil

    não aponta o fuzil.

    Que sobra em abril

    é o aniversário

    e o distante rosário

    das igrejas de Portugal,

    que em plenilúnio

    acende em mim

    uma vela amarelada,

    restos da minha amada,

    que partiu há anos

    por mares não sabidos.

    Me resta o amigo sombrio

    sobre este teto de avareza

    que se retesa

    sobre meus parcos ouvidos.

    Sou louco sozinho,

    acompanhado sou quieto,

    mas sou repleto de esperanças

    saúdo a estrela boreal.

    VII

    Andas este mar

    que não vejo

    por cortinas azuis

    sobre meu peito cansado.

    É morrer de desejo,

    de sede frente ao mar,

    onde volto a cantar

    as naus do espanto

    carrego o espírito da luz e da morte,

    de quem singra para viver.

    Noturno e lindo

    e vê-lo se abrindo

    em brilhos eternos.

    Ó mar que não termina,

    que fulmina a beleza

    que adeja minha sombra,

    parado dentro de casa,

    onde escrevo o poema

    em louvor e glória

    num denso jogral

    ao semelhante de Portugal.

    VIII

    As tardes caem

    em outras tardes longas

    e em ritmo de milonga

    afundam no mar.

    De minha casa

    avisto um lugar distante

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