Folhas cahidas, apanhadas na lama por um antigo juiz das almas de Campanhan
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Folhas cahidas, apanhadas na lama por um antigo juiz das almas de Campanhan - Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco
The Project Gutenberg EBook of Folhas cahidas, apanhadas na lama, by
Camilo Castelo Branco
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Title: Folhas cahidas, apanhadas na lama
por um antigo juiz das almas de Campanhan
Author: Camilo Castelo Branco
Release Date: November 15, 2007 [EBook #23486]
Language: Portuguese
*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK FOLHAS CAHIDAS, APANHADAS NA LAMA ***
Produced by Pedro Saborano (produced from scanned images
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FOLHAS CAHIDAS,
APANHADAS NA LAMA,
POR
UM ANTIGO JUIZ DAS ALMAS DE CAMPANHAN,
E
SÓCIO ACTUAL DA ASSEMBLEA PORTUENSE,
COM EXERCICIO NO Palheiro.
OBRA DE QUATRO VINTENS,
E DE MUITA INSTRUCÇÃO,
PORTO:
TYPOGRAPHIA DE F. G. DA FONSECA,
Rua das Hortas n.º 152 e 153.
1854.
EU.
Saibam todos quantos virem
Este publico instrumento,
Que surgiu mais um poeta
Nos aloques do talento.
Não pertenço á mocidade,
Que fechou sem caridade
Da velhice a pobre tumba.
Não sei palavras d'estouro,
Nem descanto em lyra d'ouro:
Minha lyra é um zabumba.
Eu, sou eu. Juiz das Almas,
Nos bons tempos, que lá vão,
Conheci que tinha uma
Como poucas almas são...
Campanhan! terra dos saveis!
Que doçuras inefaveis
Tens nos teus prados amenos!
Ai! Maria da Cancella!...
Cada vez que fallo n'ella,
Sou Petrarcha... em fralda, ao menos!
Dai logar á catarata
D'uma lagrima que rola
Pelas faces, como orvalho
A aljofrar uma papôla,
Respeitai a desynth'ria
Desta enferma poesia,
Que resiste á Revalenta!
Braz Tisana, esse que diga,
Em que estado anda a barriga
Da Musa, nos seus outenta!
Deixai que um velho recorde
Aureos sonhos infantis!..
Campanhan, mansão das fadas
Onde estão tuas houris?
Ledas brisas que brincaveis
Entre as pestanas dos saveis,
Lindos saveis de coral!
Onde estaes, em que paues
Murmuraes, auras tafues,
Vosso hymno angelical!
Raios palidos da lua
Alta noute, em ceo d'anil,
Já não são os que argentavam
Estes lagos de esmeril!
Nem é este o pulcro savel
Que me deu sorriso afavel
D'entre os verdes salgueiraes!
Nem aqui meu peito anceia
Os carinhos da lampreia
(E outras asneiras que taes).
Quando eu era o mago enlevo
Das fadas de Campanhan,
Apanhava a borboleta,
Que doudejava louçan.
E, por tardes d'almo estio,
Lá nas margens do meu rio
Vi delicias de encantar....
--Pyrilampos, suspirando,
Qual Camoens suspira arfando
Os estos do seu penar.
Ai! trovas da minha